Nobel como o de Egas Moniz não seria atribuído hoje
4 de out. de 2017, 18:39
— Lusa/AO online
Falando
em Madrid, Carl-Henrik Heldin afirmou que o prémio só poderia ser
retirado caso se tratasse de má conduta científica, "basicamente, no
caso de ter havido logro".No entanto, tal nunca aconteceu em 117
anos de história dos prémios, porque os comités são "atentos e esperam
até as descobertas serem demonstráveis".Em 1949, a Real Academia
Sueca das Ciências atribuiu o Nobel da Medicina ao neurologista António
Egas Moniz pelo seu trabalho, que ajudou a desenvolver a lobotomia, uma
operação que consiste em cortar os lobos frontais do cérebro para tratar
distúrbios como as psicoses.Na altura, "considerou-se que era um
grande avanço no tratamento das doenças mentais", afirmou, embora a
prática tenha acabado por ser abandonada, substituída por medicamentos
antipsicóticos.Outro exemplo de um Nobel que hoje é questionável
foi o atribuído ao suíço Paul Müller, que inventou o inseticida DDT,
premiado pelo seu papel na luta contra à malária, mas que hoje está
proibido por causa dos efeitos ambientais.Questionado sobre a
possibilidade de retirada do Nobel da Paz à política birmanesa Aung San
Suu Kyi, criticada pela sua falta de ação a denunciar a perseguição à
minoria muçulmana Rohingya, Heldin indicou que o prémio foi decidido
"pelos méritos prévios à entrega"."Muitos premiados convertem-se
em referências e conseguem atrair jovens para a Ciência", mas "outros
não se comportam como era esperado, mas não se pode fazer nada" na
Fundação Nobel, declarou.