Nicolas Sarkozy volta a tribunal por corrupção e tráfico de influências
5 de dez. de 2022, 18:05
— Lusa/AO Online
O
ex-chefe de Estado, de 67 anos, esteve ao lado dos dois coarguidos na
sala, repleta, do Tribunal da Relação, que os vai julgar neste caso que
remonta a 2014.Nicolas Sarkozy, que
liderou o país entre 2007 e 2012, é novamente julgado com o seu
advogado, Thierry Herzog, e com o ex-magistrado Gilbert Azibert.Em
primeira instância, num julgamento em que considerou uma infâmia, o
ex-presidente foi condenado, em 01 de março de 2021, a três anos de
prisão - um de prisão efetiva em regime domiciliário com pulseira
eletrónica -, tornando-se o primeiro chefe de Estado da quinta República
condenado a prisão.A mesma sentença foi
pronunciada contra os seus coarguidos, neste caso que teve origem nas
interceções telefónicas de conversas entre o Sarkozy e Herzog no início
de 2014.Na altura, os juízes encontraram
evidências nas escutas de telefonemas entre os dois que sustentaram as
suspeitas de financiamento líbio da campanha de Sarkozy para as
presidenciais de 2007.Os investigadores
descobriram depois a existência de uma terceira linha posta em serviço
em 11 de janeiro de 2014 sob o pseudónimo "Paul Bismuth" - o nome de um
conhecido do liceu de Herzog – que mostrou um pacto de corrupção com
Gilbert Azibert, 75 anos, magistrado, que teria usado a sua influência
com a promessa de benefícios para a sua carreira.Há
pouco mais de um ano, num outro processo, o ex-Presidente francês foi
considerado culpado de financiamento ilegal na sua campanha de reeleição
em 2012.O tribunal considerou que o
antigo chefe de Estado francês beneficiou de um sistema de dupla
contabilidade criado para poder ultrapassar os limites de despesas com a
campanha impostos pela legislação francesa.Sarkozy,
que negou ter sido responsável por qualquer irregularidade, foi acusado
de ter gastado quase o dobro do valor máximo legal (22,5 milhões de
euros) na candidatura à reeleição em 2012, que perdeu para o socialista
François Hollande.O antigo Presidente não
foi acusado pelo sistema de faturas falsas usado no processo para
ocultar os gastos excessivos da campanha, mas de ter ignorado alertas
claros sobre os riscos de ultrapassar o limite e de ter beneficiado com a
fraude, que lhe permitiu ter financiamentos além dos autorizados pela
lei.