Negociadores ucranianos e russos terminam reunião e anunciam nova ronda
Ucrânia
28 de fev. de 2022, 18:25
— Lusa/AO Online
"As partes estabeleceram uma série de
prioridades e questões que requerem determinadas decisões" antes de uma
segunda ronda de conversações, disse Mikhail Podoliak, um dos
negociadores ucranianos, citado pela agência AFP. O
seu homólogo russo, Vladimir Medinsky, disse que o novo encontro terá
lugar "em breve" na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia.As
duas partes chegaram a acordo para este encontro na Bielorrússia por
mediação do Presidente deste país vizinho e aliado de Moscovo, Alexander
Lukashenko.As conversações realizaram-se
numa das residências de Lukashenko, na região de Gomel, perto da
fronteira entre a Bielorrússia e a Ucrânia, e não muito longe da central
nuclear de Chernobyl, que se encontra em território ucraniano.A
presidência ucraniana tinha dito que iria exigir um cessar-fogo
imediato e a retirada das tropas russas, que invadiram novamente a
Ucrânia na quinta-feira, depois de Moscovo já ter anexado a península
ucraniana da Crimeia em 2014.A Rússia não
quis revelar que posições iria defender nas negociações, mas o
Presidente russo, Vladimir Putin, condicionou hoje qualquer acordo a um
conjunto de exigências, numa conversa telefónica com o seu homólogo
francês, Emmanuel Macron.Essas exigências
incluem o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia, a
"desmilitarização e a desnazificação" do Estado ucraniano, e um estatuto
neutro para a Ucrânia, de acordo com o Kremlin (Presidência).Putin chama ao governo pró-ocidental de Kiev "neonazi".As
negociações ocorreram ao quinto dia de combates, durante o qual
eclodiram violentos confrontos na segunda cidade da Ucrânia, Kharkiv
(leste), onde as autoridades locais relataram que pelo menos 11 civis
foram mortos em bombardeamentos russos.O
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que tinha admitido não ter
muitas esperanças no sucesso das negociações, apelou hoje aos soldados
russos para que deponham as armas e regressem à Rússia.Pouco
tempo antes do anúncio do fim das conversações, Zelensky assinou o
pedido formal de adesão da Ucrânia à União Europeia (UE), que foi
prometida aos ucranianos em 2008, na mesma altura em que a Organização
do Tratado do Atlântico Norte (NATO) também aprovou a entrada do país,
numa cimeira em Bucareste.A recusa do
então Presidente pró-Moscovo, Viktor Yanukovych, em assinar um acordo de
associação com a UE esteve na origem de uma revolta popular que levou
ao seu afastamento em 2014.Em reação, a
Rússia anexou a Crimeia e fomentou uma guerra separatista no Donbass,
leste da Ucrânia, que provocou mais de 14.000 mortos desde então.Esta
nova invasão da Ucrânia já provocou centenas de mortos no lado
ucraniano, enquanto a Rússia admitiu baixas, mas sem revelar números.Cerca de meio milhão de pessoas fugiram da Ucrânia para os países vizinhos desde quinta-feira.A
invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional e
desencadeou manifestações de protesto em muitos países, incluindo
Portugal.A UE e vários países, como
Estados Unidos, Reino Unido e Japão, impuseram sanções duras contra
Moscovo, incluindo em áreas como a banca ou a aviação, e que também
visam personalidades como o próprio Putin e o seu chefe da diplomacia,
Sergei Lavrov.A FIFA e a UEFA anunciaram
hoje a suspensão da seleção e dos clubes russos de todas as competições
internacionais, à semelhança do que tem acontecido com outras
modalidades.