Negociações entre Parlamento Europeu e Conselho sobre orçamento da UE suspensas
9 de out. de 2020, 11:09
— Lusa/AO Online
“As
conversações sobre o Quadro Financeiro Plurianual e os recursos próprios
foram interrompidas. Sem uma proposta viável da presidência alemã do
Conselho para aumentar os tetos máximos é impossível de seguir em
frente”, afirmou o porta-voz da assembleia europeia, Jaume Duch, numa
publicação na rede social Twitter.“As margens e a flexibilidade devem ser usadas para eventuais necessidades, não para truques orçamentais”, adiantou.Em
causa está uma sétima ronda de negociações entre os negociadores do
Parlamento Europeu, Conselho e Comissão – esta última como mediadora –,
que esta noite foi interrompida devido à insatisfação da assembleia
europeia face à proposta apresentada pela atual presidência alemã da UE.“Suspendemos
a reunião porque não dava para avançar com base numa proposta
inaceitável, baseada na reciclagem do dinheiro e que previa, no futuro,
novos cortes”, explicou à agência Lusa o eurodeputado do PSD José Manuel
Fernandes, um dos negociadores do Parlamento Europeu.O
responsável frisou que a assembleia europeia quer que “programas
europeus que têm um enorme valor acrescentado e que são necessários,
como o Horizonte 2020, o programa para a saúde, o Erasmus e o InvestEU
sejam reforçados com dinheiro novo”.Isto
é, “que sejam realmente reforçados” e não estejam dependentes de
dinheiro retirado a outros programas”, acrescentou José Manuel
Fernandes.Acusando o Conselho de ter
“tentando enganar a opinião pública”, o eleito social-democrata insistiu
que “cada euro do orçamento tem de ser usado, não pode ser perdido”,
devendo existir flexibilidade para tal.Posição
semelhante manifestou a eurodeputada do PS Margarida Marques, que
criticou em declarações à Lusa o facto de “não haver uma proposta clara
em cima da mesa”, que levou os negociadores do Parlamento Europeu a
dizer que “não estavam em condições de negociar”.“Estamos
a tentar que os programas europeus com maior valor acrescentado vejam o
seu financiamento aumentado”, ao mesmo tempo que se salvaguarda que “os
envelopes nacionais não sejam modificados”, acrescentou a negociadora
da assembleia europeia.Margarida Marques
adiantou que o objetivo desta “posição mais dura” hoje tomada é que, até
final do mês de outubro, “haja um acordo político”, tanto relativamente
ao Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027, como sobre o Fundo de
Recuperação pós-crise da covid-19.“Não
podemos menosprezar o orçamento, que vai desempenhar um papel
importante, nomeadamente após o Fundo de Recuperação”, concluiu a eleita
socialista.Assente ficou então que as
negociações em trílogo ficarão suspensas até a presidência alemã do
Conselho apresentar uma nova proposta, o que deverá acontecer nos
próximos dias.Em julho passado, o Conselho
Europeu aprovou um Quadro Financeiro Plurianual para 2021-2027 de 1,074
biliões de euros e um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões para
fazer face à crise gerada pela covid-19.O
Parlamento Europeu, a quem cabe a palavra final nas negociações, tem
vindo a reiterar que não irá aceitar cortes injustificados no orçamento
da União, insistindo também na questão dos recursos próprios.