Navio que abastece ilha das Flores não conseguiu descarregar
16 de dez. de 2022, 11:51
— Lusa/AO Online
Em declarações à
Lusa, o capitão do porto da Horta e Santa Cruz das Flores, João Mendes
Cabeças, explicou que o navio que se deslocou à ilha das Flores esta
manhã “ainda chegou a atracar, mas ao fim de cinco minutos tinha
partidos dois cabos de amarração e não conseguia operar”, pelo que
voltou para trás.O capitão acrescentou que
“a operação portuária está comprometida” e dependente das condições do
mar, sendo que “qualquer ondulação tem uma grande influência no porto”
de Lajes das Flores.“Se for mar do
quadrante norte ou oeste, não haverá problemas. Se for de qualquer outro
quadrante, terá, porque o porto praticamente não tem quebra-mar – foi
destruído pelo furacão Lorenzo, em 2019, e agora a destruição
agravou-se, no sábado. Estamos praticamente em mar aberto”, descreveu.Quanto
às descargas do navio que abastece a ilha, o capitão esclareceu que “a
descarga é feita com gruas do próprio navio” e a ondulação existente
hoje colocava riscos de um mal maior.Os
presidentes de câmara da ilha das Flores, Açores, manifestaram hoje
preocupação com os impactos provocados pelo mau tempo no único porto
comercial da ilha, alertando que a infraestrutura "já estava frágil"
desde a passagem do furacão Lorenzo.O
presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, José Carlos
Mendes (PS), lembrou que a infraestrutura portuária "está em
reconstrução", devido à destruição do molhe, na sequência da passagem do
furacão Lorenzo, em outubro de 2019. "É
sempre mais um revés. A estrutura está frágil, porque foi destruída pelo
furacão e está em reconstrução. E quando estas situações acontecem, são
sempre motivo de preocupação, porque está em causa o abastecimento à
ilha das Flores", sublinhou.O autarca de Santa Cruz das Flores disse que "neste momento" não faltam bens na ilha."O
Governo Regional já disse que está assegurado o abastecimento, mas
estamos a falar em abastecimentos mínimos que serão feitos através da
Força Aérea ou da SATA", considerou.Também
o presidente da Câmara das Lajes das Flores, Luís Maciel (PS), afirmou
que a operacionalidade do porto "é sempre um motivo de preocupação" e
disse aguardar com expectativa a inspeção de mergulhadores."O
porto está limitado desde o furacão Lorenzo. Atualmente a ponte-cais
tem estado operacional e a garantir o abastecimento à ilha e foi uma
infraestrutura recentemente construída depois do furacão", assinalou à
Lusa.Luís Maciel sublinhou a importância "crucial" da infraestrutura portuária para o abastecimento à ilha."Mas,
com certeza que o abastecimento será feito se não for pela operação
normal do navio, pelo menos é essa a garantia que tenho do Governo
Regional, com quem tenho mantido contactos regulares", referiu.O
autarca Luís Maciel explicou ainda que "o navio escala normalmente a
ilha de 15 em 15 dias" e, "por vezes, acontece haver rutura de um ou
outro produto".A 21 de outubro a
operacionalidade do porto das Lajes das Flores foi reposta com a
primeira atracação do navio "Monte da Guia" na nova ponte-cais,
entretanto construída.O projeto do porto
para repor "definitivamente" a capacidade portuária da infraestrutura
das Lajes das Flores tem previsão de lançamento de procedimento
concursal no primeiro trimestre de 2023 e a obra deverá ficar concluída
até final de 2028.