Navio "Open Arms" resgata 219 pessoas nas últimas 24 horas
Migrações
29 de mar. de 2021, 17:26
— Lusa/AO Online
“Três
resgates nas últimas 24 horas e todos em zona de responsabilidade
maltesa. O #OpenArms navega com 219 pessoas a bordo, incluindo 56
menores, 17 com menos de 10 anos de idade, e 13 mulheres, duas delas
grávidas. #CadaVidaConta", escreveu o fundador da ONG catalã Proativa
Open Arms, Oscar Camps, nas redes sociais.As
duas últimas operações de resgate acabaram por ser concluídas "após uma
noite de buscas", precisou a ONG, que foi alertada pela “Alarm Phone”,
outra organização que recebe as chamadas de emergência feitas por
embarcações de migrantes que se encontram em perigo em alto mar.O alerta emitido indicava que existiam várias embarcações em perigo e à deriva.Na
primeira operação, o navio “Open Arms” resgatou 38 pessoas, incluindo
14 crianças (todas muito jovens e uma com apenas 04 meses de idade) e
sete mulheres.Estas pessoas estavam a
bordo de uma embarcação igualmente em dificuldades, que também estava
numa zona de salvamento da responsabilidade das autoridades de Malta.Estes migrantes em questão encontravam-se há dois dias à deriva após terem saído da Líbia.As
operações de resgate ocorreram na rota migratória do Mediterrâneo
Central (que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direção à Itália e a
Malta), a mais letal para os migrantes.Entre
as rotas do Mediterrâneo, a Central registou no ano passado 984 mortes,
segundo dados recentes da Organização Internacional para as Migrações
(OIM).Ainda nas redes sociais, a ONG
catalã Proativa Open Arms reiterou que “a Líbia não pode ser considerada
de modo algum um porto seguro” e que “as autoridades europeias devem
parar de rejeitar aqueles que tentam atravessar o Mediterrâneo".Devido
à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a
queda do regime de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia não é considerada
um porto seguro.A Líbia tornou-se nos
últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes,
sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e
da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.As
denúncias sobre as condições desumanas e as violações dos direitos das
pessoas mantidas em centros de detenção de migrantes na Líbia também são
frequentes.Por seu lado, Itália e Malta
continuam a argumentar que os seus portos também não são seguros neste
momento para os migrantes resgatados, na sequência da crise do novo
coronavírus.No caso de Itália, as
autoridades estão a obrigar os migrantes resgatados com autorização para
entrar no país a cumprirem duas semanas de quarentena preventiva a
bordo de um navio antes de pisarem solo italiano e de serem transferidos
para centros de acolhimento.