Navalny: França e Alemanha voltam a exigir explicações à Rússia e pedem justiça
5 de set. de 2020, 11:19
— AO Online/ Lusa
“Os responsáveis por este ato hediondo devem ser identificados e levados à justiça", realçaram, na nota, os chefes da diplomacia dos dois países, o francês Jean-Yves Le Drian e o alemão Heiko Maas.A França e a Alemanha já tinham pedido a Moscovo para que esclarecesse este caso, que está a causar polémica na Europa e a gerar novas tensões com os russos, noticia a agência France-Presse.Paris e Berlim elevaram hoje o tom de protesto, enquanto a Rússia permanece passiva perante as recriminações ocidentais, satisfeita por exibir um crescente “ceticismo” sobre o caso de envenenamento.Segundo os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, o ataque a figuras da oposição “infelizmente não é um ato isolado”.Os diplomatas denunciaram ainda o alegado recurso ao químico Novichok, um agente de “qualidade militar” proibido pelas convenções internacionais sobre armas químicas.Os dois países garantem ainda que vão entrar em contacto com a Organização para a Interdição das Armas Químicas (OPCW) sobre "o acompanhamento a ser dado a este evento" e "se necessário, procurar o apoio desta organização".“Este ataque constitui um ataque muito sério aos princípios elementares da democracia e do pluralismo político", defendem.Os dois ministros exigem que as autoridades russas "possam garantir as condições de expressão dos direitos civis e políticos da população russa".Principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, conhecido pelas investigações anticorrupção a membros da elite russa, Alexei Navalny, 44 anos, está internado, em coma, desde 20 de agosto.O político sentiu-se mal durante um voo de regresso a Moscovo, após uma deslocação à Sibéria. Foi primeiro internado num hospital de Omsk, na Sibéria, tendo sido transferido, posteriormente, para o hospital universitário Charité, em Berlim.O Novichok integra um grupo particularmente perigoso de agentes neurotóxicos russos que foram proibidos, em 2019, pela OPCW.A conceção deste tipo de agente neurotóxico por cientistas soviéticos remonta aos anos de 1970 e 1980, as últimas décadas da Guerra Fria.