Nasce o primeiro macaco com células estaminais embrionárias de mais do que uma origem genética
9 de nov. de 2023, 19:27
— Lusa
A
experiência é descrita na edição de hoje da revista científica Cell e,
segundo os cientistas, permite gerar modelos de macaco mais precisos
para estudar doenças neurológicas.Até agora, a metodologia usada só tinha sido testada em ratos.Na
experiência foram usados macacos-cinomolgos, também conhecidos como
macacos-de-cauda-longa e vulgarmente utilizados na investigação
biomédica.Investigadores da Academia de
Ciências da China estabeleceram nove linhas de células estaminais
(células que têm a capacidade de dar origem às células especializadas)
usando células retiradas de blastocistos (células embrionárias) com sete
dias.Posteriormente, colocaram as linhas
celulares em cultura para aumentar a sua capacidade de diferenciação
noutras células e realizaram uma série de testes para confirmar se
tinham capacidade de se diferenciar nos tipos de células necessárias
para gerar um animal vivo.As células
estaminais foram marcadas com uma proteína fluorescente verde para que
os cientistas pudessem determinar quais os tecidos que cresceram a
partir delas nos animais que se desenvolveram e sobreviveram.Por
fim, a equipa selecionou um subconjunto específico de células
estaminais para as injetar em mórulas de macaco (embriões de macaco com
quatro a cinco dias) que foram implantadas em fêmeas adultas, resultando
em 12 gestações e seis macacos que nasceram com vida.De
acordo com o trabalho descrito na revista Cell, um macaco que nasceu
vivo e um feto (abortado espontaneamente) eram substancialmente
quiméricos - tinham tecidos ou grupos celulares com origem genética
distinta.Tanto no feto como na cria de
macaco, ambos machos, os investigadores verificaram, por meio de testes
de sequenciação genética e da reação à presença da proteína
fluorescente, que cérebro, coração, rins, fígado e testículos continham
células com origem em células estaminais embrionárias.