NASA vai usar vulcão dos Capelinhos para treinar exploração em Marte
3 de jul. de 2019, 15:50
— Lusa/AO Online
A
expedição, que ainda não tem data marcada mas que acontecerá "em
breve", levará cientistas da NASA, do Reino Unido e de Portugal a
estudar o vulcão da ilha do Faial que nasceu do mar no final dos anos
50, em condições muito semelhantes às que se terão verificado em Marte
"há mil milhões de anos"."Quando Marte
tinha mares e lagos, vulcões entraram em erupção nas águas e produziram
relevo como o que vemos nos Capelinhos, que erodiu na presença de água
persistente. Depois, as águas secaram. O clima de Marte mudou e hoje só
temos os esqueletos fantasmagóricos dessa paisagem, preservada nas
rochas", disse James Garvin em entrevista à Lusa à margem da Global
Exploration Summit, que começou hoje em Lisboa.James
Garvin, que dirigiu o departamento científico da NASA entre 2004 e
2005, afirmou que os Açores são "um laboratório especial" só comparável a
mais dois locais da Terra, um na Islândia, outro em Tonga, com vulcões
de erupção recente em meio aquático, com "água e lava a interagirem de
forma dinâmica"."Sítios como esses, quentes, húmidos e com atividade térmica, seriam bons para surgir vida microbial", disse.Na
próxima expedição aos Capelinhos, os cientistas olharão para a paisagem
em terra e do ar, usando 'drones', em preparação para a próxima fase da
exploração."Voltaremos lá para ver se
podemos usar [o vulcão] como caso de estudo para o nosso 'helicóptero
marciano', que enviaremos com a missão Mars Rover em 2020", que incluirá
um veículo da NASA e outro da Agência Espacial Europeia.Garvin
explicou que "algumas coisas nos Capelinhos acontecem muito depressa
numa escala menor, algumas numa escala maior" e que a expedição terá
resultados úteis para as compreender na Terra."Vemos
as maiores a acontecer do espaço e observamos nós próprios as mais
pequenas. Depois, juntamos matematicamente as duas e podemos criar
modelos para como o vulcão dos Capelinhos evoluirá à medida que o
ambiente muda e o nível do mar sobe", acrescentou.Comparando
os dados recolhidos há 25 com os atuais, será possível ter "um registo
dos últimos sessenta anos de erosão no oceano Atlântico" em torno da
ilha.