Não há luta política conjuntural que valha sacrificar as instituições, diz Marcelo
27 de out. de 2018, 10:32
— Lusa/Ao online
Marcelo Rebelo de Sousa lançou este apelo "à entrada antecipada de um ano eleitoral" com europeias e legislativas, no encerramento do congresso "Sintra Economia 20/30", no Centro Cultural Olga Cadaval, afirmando: "As legislaturas passam, os governos passam, os presidentes passam, mas o país fica. E o país tem de ser pensado a médio e longo prazo".Neste contexto, referiu-se às funções de soberania, defendendo: "Não há unidade nacional se não houver prestígio das instituições. E não há luta política que seja conjuntural que valha sacrificar o que há de estrutural nas instituições. Ou que confunda esse combate conjuntural com a realidade do respeito das instituições"."As instituições, quando se fala de funções de soberania, são a justiça, tão importante para a coesão social, mas também para o crescimento económico, são a segurança, tão importante para a coesão social como para o crescimento económico, são as Forças Armadas", prosseguiu.Em particular sobre as Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa disse que são "um elemento estruturante" em Portugal, que "não é apenas prestigiante em termos de missões de ação externa" e que "é fundamental para, não a história do país, não o passado, mas o presente e o seu futuro"."Isso é importante, é fundamental", acrescentou o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas.No encerramento deste congresso, o chefe de Estado falou primeiro do contexto internacional e europeu, reiterando a mensagem de que a União Europeia tem de tomar decisões com urgência e tem de se unir contra aqueles que "estão a trabalhar por uma Europa fraca", a quem avisou: "Pagarão caro, ou pagariam caro, se a Europa se dividisse".Depois, sobre a situação interna, declarou: "A nossa função é continuarmos aquilo que está correto no percurso seguido e alterarmos aquilo que importa alterar"."E o que está correto no percurso seguido? Em primeiro lugar, a unidade nacional. Fazendo prevalecer a unidade nacional sobre interesses - por legítimos que sejam - setoriais, de fação, conjunturais, momentâneos. Em segundo lugar, e por causa dessa unidade nacional, uma visão de médio-longo prazo", elencou.No seu entender, "se há apelo que o Presidente da República pode e deve fazer à entrada antecipada de um ano eleitoral, é que nele se fale de futuro e nele se fale de médio-longo prazo"."É inevitável que se fale também da conjuntura, do dia a dia, do passado recente, mais recente, menos recente, do presente. Mas que se não esqueça o futuro a médio-longo prazo. Que os portugueses possam ouvir falar daquilo que é estrutural, e não apenas daquilo que é conjuntural", reforçou.Entre os temas estruturais, incluiu a educação, a qualificação, a inovação, a ciência e como a tecnologia, a saúde, a educação, a coesão interna, as funções de soberania.Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que, "mesmo sem pactos, mesmo sem acordos assinados", se procure uma "convergência natural de pontos de vista" quanto ao médio-longo prazo, "no essencial"."Que bom seria que, no essencial, tudo o que é visão de médio e longo prazo ultrapassasse as querelas meramente de curtíssimo prazo. O curtíssimo prazo, tem de se conviver com ele quando se trata de enfrentar uma crise agudíssima, ou de sair dessa crise agudíssima. Depois passa-se para o médio prazo e para o longo prazo", argumentou.No final do seu discurso, questionou: "Esta é uma palavra de ordem fundamental. Será que ela passa para o espírito de mais e mais portugueses? Será que ela resiste àquilo que é a agitação própria do tempo eleitoral?".Antes de terminar a sua intervenção, deixou uma observação sobre a razão de ser da ação política: "Nós fazemos política não pelo prazer de sermos importantes, pelo prazer de chegarmos mais alto ou mais depressa a um 'status' social ou económico ou outro, de que muitos de nós não precisávamos, já lá estávamos"."Não, nós fazemos política por outra razão fundamental: porque servimos a comunidade, porque servimos os outros", concluiu.