24 de jan. de 2020, 12:33
— Inês Lima/Lusa/AO Online
"Nós não
esquecemos, isto não se pode repetir", declarou Marcelo Rebelo de Sousa
aos jornalistas, num hotel de Jerusalém, após a cerimónia, alertando que
o antissemitismo "pode estar a regressar de outras formas, com outros
tipos de discriminações, e de racismo e de violência e de xenofobia nos
tempos de hoje".Portugal foi um dos cerca
de 50 países representados no 5.º Fórum Mundial do Holocausto, o que
segundo o chefe de Estado "significou a solidariedade do povo português
relativamente aos seis milhões de vítimas do Holocausto".Marcelo
Rebelo de Sousa disse que a sua presença "também foi uma forma de
lembrar, no sítio onde estão os justos, um justo como Aristides de Sousa
Mendes, que salvou a vida de milhares e milhares de judeus que passaram
por Portugal ou ficaram em Portugal"."Mas
digamos que a mensagem mais forte era, neste momento, dizer: nós não
esquecemos, isto não se pode repetir. Não pode haver agora, com
radicalismos, com xenofobias, com racismos, com antissemitismos, a
repetição da história de há cem anos", acrescentou.Enquanto
cônsul-geral em Bordéus, França, Aristides de Sousa Mendes salvou
milhares de judeus e outros refugiados do regime nazi, em 1940, emitindo
vistos à revelia do Governo de António de Oliveira Salazar, o que lhe
valeu a expulsão da carreira diplomática, e acabaria por morrer na
miséria.O 5.º Fórum Mundial do Holocausto,
em Jerusalém, teve como lema "Lembrando o Holocausto, combatendo o
antissemitismo", e contou com discursos, entre outros, dos presidentes
de Israel, Reuven Rivlin, da Rússia, Vladimir Putin, da França, Emmanuel
Macron, e da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e do vice-presidente
dos Estados Unidos da América, Mike Pence.De
acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, esta cerimónia foi "uma homenagem
às vítimas do passado", mas, ao mesmo tempo, "o olhar para o futuro, no
sentido de combater tendências do presente"."Não
foi por acaso que o Presidente Macron e o Presidente Putin convergiram
na ideia de que os cinco membros do Conselho de Segurança [da Nações
Unidas] deviam tratar a sério desta questão, que pode estar a regressar
de outras formas, com outros tipos de discriminações, e de racismo e de
violência e de xenofobia nos tempos de hoje. Isso é muito
significativo", considerou.O chefe de
Estado referiu que "até mesmo o Presidente alemão, ao, no fundo,
apresentar as desculpas do povo alemão e a gratidão pela forma como foi
recebido e hoje é recebido o povo alemão em democracia, também teve a
mesma a tónica" e que essa "foi uma tónica presente em todos os
discursos". "A comunidade internacional,
as Nações Unidas, as grandes potências, mas todos nós não podemos
esquecer o que se passou e temos de fazer tudo para evitar que se
repita", reforçou.No seu entender, apesar
de não discursar neste Fórum Mundial do Holocausto, "Portugal passou a
palavra", no encontro bilateral que teve com o Presidente israelita,
Reuven Rivlin e nos contactos "com vários responsáveis políticos" que se
proporcionaram nestes dias.Marcelo Rebelo
de Sousa, que chegou a Israel na terça-feira à tarde, partiu hoje hoje
ao final do dia para Portugal, onde chegará na sexta-feira, após escala
na Grécia.