Na mais pequena ilha dos Açores os chefes de familia têm lembranças pelo Natal
21 de dez. de 2018, 21:00
— Lusa/AO Online
“Todas as casas habitadas, se tiverem uma família a morar, têm uma
prenda. E se forem duas têm duas prendas. Este ano são distribuídas
cerca de 180 prendas. São lembranças típicas”, disse o presidente da
Câmara Municipal do Corvo, José Manuel Silva, em declarações à agência
Lusa. Esta
tem sido uma tradição mantida pela autarquia também como forma de
reavivar o património da mais pequena ilha açoriana, já que as
lembranças estão sempre relacionadas com o património e o artesanato.Este
ano a autarquia distribuiu pelos lares corvinos telhas com pinturas de
uma porta típica do Corvo contendo o desenho de uma fechadura
tradicional em madeira."A
autarquia todos os anos oferece a todos os chefes de família uma prenda
de Natal exatamente para mostrar esta partilha", salientou o presidente
da Câmara do Corvo.Segundo
José Manuel Silva, foram entregues no ano passado azulejos com uma
pintura do autor de um livro de banda desenhada que os corvinos ajudaram
a criar, numa iniciativa do Ecomuseu.Trata-se de uma narrativa sobre um episódio histórico da ilha. O autarca destacou que a proximidade entre os moradores é constante, mas os laços reforçam-se na quadra natalícia.A
opinião é partilhada pelo padre Artur Cunha, pároco há quase seis anos
na mais pequena ilha açoriana, onde residem 430 habitantes.“Há
muito esta vivência e há muito acolhimento. É um aspeto familiar da
ilha e até o nosso bispo D. João Lavrador diz que o Corvo é praticamente
uma família. As pessoas ajudam-se mutuamente e há a vantagem de sermos
um grupo pequeno, vivermos todos praticamente na vila”, sublinhou à
Lusa.Este
facto, contou, "ajuda as pessoas a serem muitos unidas e a viverem muito
as tradições religiosas, como o Natal, a Páscoa, o Divino Espírito
Santo e a festa, em janeiro, dos Pastores".O
padre Artur Cunha assegurou que no dia 24 de dezembro a igreja matriz,
dedicada a Nossa Senhora dos Milagres, "fica sempre cheia" e nem o
adiantado da hora é impeditivo.“A Missa do Galo é às 24 horas. É a missa mais vivida e até as crianças e jovens vão aquela hora à igreja”, sublinhou o pároco."Na
ilha a proximidade das casas permite que se reforcem estes laços de
amizade e também a vivência espiritual. Fazemos muitos convívios no
Corvo com famílias e crianças. A população celebra muito a sua fé",
acrescentou o pároco, natural da ilha de São Jorge e que se diz "um
privilegiado por viver num lugar muito bom, onde a população se ajuda
muito".