Autor: Carolina Moreira
A Musicoterapia consiste na utilização da música para atingir determinados objetivos terapêuticos e tem ganho cada vez mais adeptos na Região, com várias clínicas, associações e escolas a disponibilizarem a atividade aos seus utentes.
Os Açores contam atualmente com quatro musicoterapeutas que atuam nas ilhas Terceira e São Miguel e que compõem a MusicoterapiAçores, uma organização que promoveu ontem uma sessão pública de esclarecimento sobre a terapia através da música na clínica Lalar - Saúde e Aprendizagem, em Ponta Delgada, com o objetivo de informar a comunidade sobre esta atividade, os seus benefícios e sobre quem podem ser os utentes.
Em entrevista ao Açoriano Oriental, a musicoterapeuta Aline Magalhães explica que a Musicoterapia passa por “utilizar a arte como ciência para atingir objetivos terapêuticos” que podem passar pela reabilitação motora, desenvolvimento da fala, socialização, raciocínio lógico, desenvolvimento infantil, autismo ou até mesmo para ajudar a lidar com ansiedade ou depressão.
“Utilizamos ferramentas musicais, desde o som ao silêncio, um instrumento, uma música ou até uma vibração para atingir objetivos terapêuticos, sendo que existem quatro experiências musicais que baseiam a Musicoterapia”, explica Aline Magalhães, esclarecendo que pode passar pela “recriação de uma música existente; a audição de uma música para fazer uma reflexão; a composição de uma música e ainda a improvisação”.
Segundo a musicoterapeuta, existem “diversos benefícios” associados a esta atividade que deve ser desenvolvida e adaptada “caso a caso”, consoante as “dificuldades particulares e os objetivos definidos na terapêutica”.
“Nós trabalhamos desde o feto até ao idoso, uma vez que podemos trabalhar com os pais na gravidez através da audição da música e da vibração, tal como podemos trabalhar com idosos com demência ou até mesmo com pessoas em cuidados paliativos, seja com a família ou com os pacientes, com o propósito de atender à sua qualidade de vida naquele momento tão difícil. Até já existem estudos sobre a diminuição da dor sem analgésicos e é aí que a Musicoterapia pode ajudar”, realça.
A intervenção das terapeutas da MusicoterapiAçores na Região também tem passado pela “reabilitação motora, em que podemos utilizar uma baqueta para tocar um tambor, imitando um movimento de levar a colher à boca, por exemplo, ou pela terapia da fala, porque uma pessoa com afasia ou problema de fala consegue aprender a criar um novo caminho de sinapse para conseguir falar através da canção”, destaca Aline Magalhães.
Além disso, a terapeuta destaca também os benefícios “psicológicos” associados, porque a “música mexe com sentimentos”. “Podemos refletir sobre como uma música nos faz sentir e também podemos compor uma música para nos expressarmos de uma forma que através da psicologia não tínhamos conseguido”, afirma.
No entanto, Aline Magalhães frisa que existem sempre “pacientes com algumas limitações”, daí a importância de direcionar a terapia “caso a caso”.
“Por exemplo, com pessoas surdas o nosso trabalho tem de ser através da vibração, ou então com pacientes com epilepsia é preciso perceber que determinados sons ou instrumentos podem desencadear uma crise, mas ainda assim é possível trabalhar com essas pessoas”, afirma.
A MusicoterapiAçores trabalha atualmente com várias escolas, clínicas e associações, tais como Seara de Trigo ou Paralisia Cerebral de São Miguel, atendendo ainda “pacientes particulares, com ou sem patologias”, encaminhados por profissionais de saúde.