Musicoterapia com benefícios desde o feto ao idoso
14 de nov. de 2022, 11:48
— Carolina Moreira
A Musicoterapia consiste na utilização da música para
atingir determinados objetivos terapêuticos e tem ganho cada vez mais
adeptos na Região, com várias clínicas, associações e escolas a
disponibilizarem a atividade aos seus utentes.Os Açores contam
atualmente com quatro musicoterapeutas que atuam nas ilhas Terceira e
São Miguel e que compõem a MusicoterapiAçores, uma organização que
promoveu ontem uma sessão pública de esclarecimento sobre a terapia
através da música na clínica Lalar - Saúde e Aprendizagem, em Ponta
Delgada, com o objetivo de informar a comunidade sobre esta atividade,
os seus benefícios e sobre quem podem ser os utentes.Em entrevista
ao Açoriano Oriental, a musicoterapeuta Aline Magalhães explica que a
Musicoterapia passa por “utilizar a arte como ciência para atingir
objetivos terapêuticos” que podem passar pela reabilitação motora,
desenvolvimento da fala, socialização, raciocínio lógico,
desenvolvimento infantil, autismo ou até mesmo para ajudar a lidar com
ansiedade ou depressão.“Utilizamos ferramentas musicais, desde o som
ao silêncio, um instrumento, uma música ou até uma vibração para
atingir objetivos terapêuticos, sendo que existem quatro experiências
musicais que baseiam a Musicoterapia”, explica Aline Magalhães,
esclarecendo que pode passar pela “recriação de uma música existente; a
audição de uma música para fazer uma reflexão; a composição de uma
música e ainda a improvisação”.Segundo a musicoterapeuta, existem
“diversos benefícios” associados a esta atividade que deve ser
desenvolvida e adaptada “caso a caso”, consoante as “dificuldades
particulares e os objetivos definidos na terapêutica”.“Nós
trabalhamos desde o feto até ao idoso, uma vez que podemos trabalhar com
os pais na gravidez através da audição da música e da vibração, tal
como podemos trabalhar com idosos com demência ou até mesmo com pessoas
em cuidados paliativos, seja com a família ou com os pacientes, com o
propósito de atender à sua qualidade de vida naquele momento tão
difícil. Até já existem estudos sobre a diminuição da dor sem
analgésicos e é aí que a Musicoterapia pode ajudar”, realça.A
intervenção das terapeutas da MusicoterapiAçores na Região também tem
passado pela “reabilitação motora, em que podemos utilizar uma baqueta
para tocar um tambor, imitando um movimento de levar a colher à boca,
por exemplo, ou pela terapia da fala, porque uma pessoa com afasia ou
problema de fala consegue aprender a criar um novo caminho de sinapse
para conseguir falar através da canção”, destaca Aline Magalhães.Além
disso, a terapeuta destaca também os benefícios “psicológicos”
associados, porque a “música mexe com sentimentos”. “Podemos refletir
sobre como uma música nos faz sentir e também podemos compor uma música
para nos expressarmos de uma forma que através da psicologia não
tínhamos conseguido”, afirma.No entanto, Aline Magalhães frisa que
existem sempre “pacientes com algumas limitações”, daí a importância de
direcionar a terapia “caso a caso”.“Por exemplo, com pessoas surdas o
nosso trabalho tem de ser através da vibração, ou então com pacientes
com epilepsia é preciso perceber que determinados sons ou instrumentos
podem desencadear uma crise, mas ainda assim é possível trabalhar com
essas pessoas”, afirma.A MusicoterapiAçores trabalha atualmente com
várias escolas, clínicas e associações, tais como Seara de Trigo ou
Paralisia Cerebral de São Miguel, atendendo ainda “pacientes
particulares, com ou sem patologias”, encaminhados por profissionais de
saúde.