Municípios vão integrar grupo de trabalho para rever critérios das finanças locais
12 de jul. de 2018, 10:08
— Lusa/AO Online
“Propusemos
ao Governo, e o senhor ministro da Administração Interna aceitou, a
criação de um grupo de trabalho, após a aprovação destas alterações à
lei, tendo como objetivo revisitar, para rever os critérios de base da
Lei das Finanças Locais”, disse Rui Solheiro, secretário-geral da ANMP.O
dirigente associativo, que falava numa audição da comissão parlamentar
de Orçamento e Finanças, que aprecia na especialidade a proposta de
revisão da Lei das Finanças Locais, acrescentou que a revisão dos
critérios visa ir ao encontro da realidade “do país e dos municípios” e
no sentido da “coesão nacional”.O
grupo de trabalho terá como finalidade “iniciar um processo que vá ao
fundo da questão”, não só “da participação nos impostos do Estado, em
termos globais, mas na forma de os distribuir pelos municípios”, face a
distorções que, se não forem corrigidas, podem criar situações graves às
autarquias, explicou.“Seria
um erro se a ANMP não aproveitasse esta conjuntura política para fazer
um acordo que permita ganhos significativos para as finanças dos
municípios e para o exercício da sua autonomia”, salientou Rui Solheiro.O
presidente da ANMP, Manuel Machado (PS), confrontado com as críticas
dos presidentes das câmaras do Porto, de Gaia e de Famalicão, em relação
ao acordo firmado com o Governo para a descentralização, frisou que o
entendimento apenas respeita à aprovação da lei-quadro da
descentralização de competências para as autarquias e revisão da Lei das
Finanças Locais.O
também presidente da Câmara de Coimbra vincou que a ANMP, das duas
dezenas de diplomas setoriais, “há nove que estão consensualizados”,
oito que estão dependentes de uma reunião para resolver pormenores e
dois, da saúde e educação, “que devem ser detalhados” e onde “o estado
de maturidade é mais difícil de alcançar”.Para
Manuel Machado, não faz, por isso, sentido falar em acordo com o
Governo nas verbas a transferir para os municípios, uma vez que serão os
diplomas setoriais que vão estabelecer a correspondência entre as
competências e os montantes para o seu exercício, processo que deve
ficar concluído até ao final de julho e ser negociado com o Governo até
15 de setembro.O
coordenador do grupo de trabalho parlamentar da Lei das Finanças
Locais, João Paulo Correia (PS), propôs aos grupos parlamentares o
alargamento do prazo para apresentação de alterações à proposta do
Governo até 16 de julho (em vez de dia 13), com votação indiciária e
ratificação na comissão no dia seguinte, terça-feira, para votação final
a 18, no último plenário da sessão legislativa.O
social-democrata António Costa Silva notou que o processo da
descentralização “é importante não por vitórias políticas, dos partidos,
mas por aquilo que chega às pessoas”, pela proximidade às populações,
assegurando que “as cartas estão todas em cima da mesa”.“Vai
ser criada uma estrutura de monitorização, de fiscalização, do fundo
para a descentralização, ou seja, esta estrutura vai acompanhar todo o
processo da descentralização, não só no seu arranque, mas toda a sua
execução prática”, destacou.O
socialista Paulo Trigo Pereira lamentou o pouco tempo disponível para
debater na especialidade a Lei das Finanças Locais e criticou a intenção
de extinguir o Fundo de Apoio Municipal (FAM), embora precise de ser
melhorado.O
deputado alertou que “não houve nenhum estudo” do impacto da alteração
da Lei das Finanças Locais, admitindo que a nova lei, apesar de aspetos
positivos, “induz problemas que não foram de facto simulados”,
nomeadamente na participação na receita do IVA.Para
João Vasconcelos (BE), o acordo para a descentralização do PS e do PSD
desrespeita o parlamento, pela pressa na aprovação da alteração á Lei
das Finanças Locais e apontou, em todo o processo, a falta “do patamar
da regionalização”.O
deputado Álvaro Castelo Branco, do CDS-PP, também criticou que a ANMP e
a Associação Nacional de Freguesias (Anafre) tiveram meses para
negociar com o Governo, enquanto o parlamento só tem pouco mais de uma
semana para o debate na especialidade, temendo pelo resultado da nova
lei, quando o processo “não foi estudado, não foi avaliado”.