Municípios dos Açores querem melhorias no funcionamento dos transportes públicos
28 de out. de 2024, 16:16
— Lusa/AO Online
"A
Associação de Municípios já manifestou a necessidade de rever o serviço
de transporte coletivo de passageiros, em determinadas ilhas.
Efetivamente o tipo de resposta não é o mais adequado para as freguesias
mais distantes dos centros urbanos", afirmou o presidente da AMRAA,
Alexandre Gaudêncio.O autarca
social-democrata foi ouvido na comissão especializada permanente de
Economia do parlamento açoriano, no âmbito do projeto de resolução do
Bloco de Esquerda (BE) que recomenda ao Governo Regional a imediata
regulamentação do decreto legislativo regional que impõe a criação de
passes de mobilidade para transporte rodoviário urbano, interurbano,
combinado, marítimo e intermodal nos Açores.O diploma foi publicado a 17 de outubro de 2023 em Diário da República.O
presidente da AMRAA sublinhou que a iniciativa é de saudar, porque
permite uniformizar uma resposta para a população e para os turistas.Alexandre
Gaudêncio explicou que atualmente apenas quatro autarquias dos Açores
têm transportes coletivos de passageiros, os chamados circuitos urbanos -
Ponta Delgada (São Miguel), Horta (Faial), Angra do Heroísmo e Praia da
Vitória (Terceira).O também autarca da
Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, salvaguardou que a preocupação da
AMRAA "é que os interesses das autarquias e dos munícipes fiquem
salvaguardados", alertando existirem "especificidades completamente
diferentes" entre as cidades açorianas.O
nível de satisfação dos utilizadores dos transportes públicos,
assinalou, "não é o melhor", pelo que é preciso "melhorar quer a
rotatividade, quer o tipo de transporte utilizado", permitindo o uso de
viaturas elétricas."Achamos que podia ser
feito muito melhor. Realmente se virmos, no caso concreto da ilha de São
Miguel, o serviço para chegar às freguesias mais rurais não é de todo o
mais eficiente, nem o melhor", insistiu o representante.António
Lima, deputado único do Bloco de Esquerda (BE) no parlamento açoriano,
explicou que o decreto legislativo regional para criação de passes de
mobilidade para transporte urbano, interurbano, combinado, marítimo e
intermodal já foi aprovada no ano passado e sublinhou que o Governo
Regional (PSD/CDS-PP/PPM) "está claramente em incumprimento com a sua
função constitucional de regulamentação da legislação".O
também dirigente regional do BE alertou que "ao longo dos anos há cada
vez menos pessoas" a utilizar os transportes coletivos. E, sublinhou,
"isso é um problema a vários níveis e um sinal que o serviço não serve
as pessoas, é um sinal para o ambiente e sinal de que alguma coisa tem
de ser feita".O decreto legislativo
regional que “cria os passes de mobilidade para transportes públicos
coletivos”, apresentado pelo Bloco de Esquerda, foi aprovado em setembro
de 2023 na Assembleia Legislativa dos Açores com os votos a favor de
PS, BE, PAN e deputado independente, e os votos contra de PSD, CDS-PP,
PPM, Chega e IL.A proposta inicial previa a
definição de um preço máximo de nove euros para os passes urbano,
interurbano, combinado, marítimo ou intermodal, para permitir a
“realização de viagens ilimitadas” na zona definida e “no período
compreendido entre o primeiro e o último dia do mês”.No
entanto, o artigo que definia o preço e o período de utilização foi
eliminado na votação na especialidade, ficando agora dependentes do
acordo entre o Governo Regional e as empresas de transportes.Além
do preço, o acordo deve estabelecer, entre outros, a indicação das
zonas ou ilhas onde é válido o passe, as condições de utilização, a
frequência e cobertura horária, a tipologia dos veículos e a criação de
centrais de transportes.A criação de
passes de mobilidade nos Açores é justificada pela urgência de “medidas
que incentivem e sensibilizem as pessoas para a utilização de
transportes públicos coletivos no dia a dia”, para dar resposta tanto à
crise ambiental como à crise inflacionária.Define
ainda um “regime de isenção de pagamento”, que abrange os residentes
nos Açores até aos 18 anos ou com 65 ou mais anos, em situação de
reforma, por invalidez ou velhice, e os alunos entre os 18 e os 24 anos.Também
desempregados, contribuintes dos 1.º e 2.º escalões do Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) e beneficiários de pensão social
de invalidez ou de rendimento social de inserção ficam isentos, assim
como bombeiros e antigos combatentes.