Município da Praia da Vitória despede 37 funcionários e internaliza cooperativa até final do ano
4 de set. de 2023, 12:52
— Lusa/AO Online
“Mediante
a disponibilidade financeira do município, iremos assumir 91 postos de
trabalho na câmara municipal, através de ato concursal ao abrigo da
internalização da cooperativa Praia Cultural. Este número é superior ao
que inicialmente tinha sido anunciado em março, que rondava os 80
colaboradores”, afirmou a presidente do município (PSD/CDS-PP), Vânia
Ferreira, em conferência de imprensa.O
executivo municipal, que tomou posse em 2021, admitiu a possibilidade de
despedimentos na sequência de uma auditoria às contas do grupo formado
pelo município e pelas entidades na esfera da autarquia, que identificou
um passivo de 33,2 milhões de euros.A
entidade contava com 165 trabalhadores com contrato sem termo, mas 35
aceitaram rescisões por mútuo acordo e dois serão absorvidos por
entidades externas.“O número de
colaboradores a dispensar é 37: 10 técnicos superiores, 15 assistentes
técnicos e 12 assistentes operacionais”, adiantou a autarca,
acrescentando que alguns poderão ainda “recorrer à extinção do posto de
trabalho por mútuo acordo”.Segundo Vânia
Ferreira, o processo de internalização da Praia Cultural deverá estar
concluído até ao final do ano e a assunção da dívida da entidade fará
com que o limite legal de endividamento do município seja ultrapassado.“É
uma situação que já estava devidamente calculada e acautelada em todo
este processo de reestruturação, desde o momento em que houve a
identificação de que a cooperativa Praia Cultural não é sustentável e
que vive na totalmente na dependência das transferências do município”,
salientou.A autarca prevê, por isso, recorrer à ajuda do Fundo de Apoio Municipal, até ao final do mês.“O
plano de ajustamento municipal será trabalhado para ser fechado nos
próximos dias. Nós queremos muito que esteja terminado e que possa ser
submetido já na próxima assembleia municipal. Acreditamos que no final
do mês de setembro estará completamente fechado para ser submetido ao
Fundo de Apoio Municipal”, revelou.Vânia
Ferreira admitiu que a redução de funcionários possa provocar "alguns
constrangimentos", mas garantiu que os serviços prestados "vão estar
assegurados", alegando que havia "áreas duplicadas entre a cooperativa
Praia Cultural e o município".A
autarca reiterou que a redução de funcionários na cooperativa era
“inevitável”, caso contrário poderia estar em causa o pagamento de
salários, de compromissos bancários ou de dívidas a fornecedores.“Sem
sustentabilidade financeira, nós não podemos manter os postos de
trabalho, nem podemos de forma absolutamente nenhuma conseguir manter a
atividade a decorrer”, sublinhou.Vânia
Ferreira responsabilizou o PS, que governou o executivo durante 16 anos,
acusando o partido de ter recorrido a empresas municipais, sociedades e
cooperativas para “realizar investimentos fora do perímetro orçamental
da câmara municipal”.“Estas engenharias
financeiras associadas às contratações massivas de colaboradores
dispararam o passivo da entidade e ampliaram substancialmente as
transferências da câmara municipal para a cooperativa”, frisou.O número de funcionários da cooperativa passou de 26 em 2016 para 148 em 2020, e aumentou ainda para 178 em 2021.A
autarca defendeu que este desfecho poderia ter sido evitado se o
executivo socialista tivesse acatado as “recomendações identificadas em
auditorias do Tribunal de Contas”.“Esta
sempre foi uma imposição do Tribunal de Contas, que alertava que todas
as transações que estavam a ser feitas deviam ser repensadas. Houve
tempo para poder ponderar as atitudes que foram tidas desde 2018”,
disse.