Município da Praia da Vitória com processo de recuperação financeira e admite despedimentos
15 de nov. de 2022, 18:49
— Lusa/AO Online
“O
município da Praia da Vitória vai passar por um processo de recuperação
financeira, de acordo com os modelos legais em vigor, como é o caso do
Fundo de Apoio Municipal. Este processo possivelmente comportará uma
redução da despesa com pessoal, dos apoios municipais e dos
investimentos, além do agravamento dos impostos municipais, por forma a
poder equilibrar as contas”, adiantou a presidente do município da Praia
da Vitória, Vânia Ferreira, em conferência de imprensa.A
autarca da coligação PSD/CDS-PP, que tomou posse em outubro de 2021,
encomendou uma auditoria às contas do município, referente ao período
entre 2016 e 2021, em que o PS liderava o executivo camarário.Segundo
Vânia Ferreira, se o município não avançasse para um processo de
recuperação financeira, “dentro de meio ano não haveria dinheiro para
pagar salários, nem os compromissos com os bancos e fornecedores”.“A
situação é grave e, segundo a auditoria, no final de 2021, o município
tinha ultrapassado em 200% o seu limite de endividamento, conforme a
legislação em vigor”, disse. Segundo “a
análise técnica, nessa data, o grupo municipal registava mais de 16
milhões de euros de dívida do que a permitida por lei, cifrando-se num
passivo municipal global entre 33,2 milhões de euros”, acrescentou. Hoje,
“o passivo já ascende a 35 milhões de euros, porque foram dadas
isenções e assumidos compromissos antes da posse do atual executivo que
agravaram a situação”, adiantou.A autarca
disse ainda não poder avançar com o número de funcionários a despedir, o
valor do aumento das taxas e impostos ou o tempo em que durará o
processo de recuperação financeira, mas sublinhou que os valores em
dívida são “incomportáveis”.“Lutaremos para que o maior número de funcionários mantenha o seu posto de trabalho”, assegurou.Segundo
a presidente do município, em outubro de 2021, a cooperativa Praia da
Cultural, dependente em exclusivo de transferências da autarquia, tinha
um passivo (13,7 milhões de euros) superior ao da câmara municipal (12,7
milhões de euros) e ao da empresa municipal Praia Ambiente (6,8 milhões
de euros).“Só para salários e dívidas, a
cooperativa precisa de quatro milhões de euros por ano”, avançou,
alegando que “a câmara municipal não tem capacidade financeira para
pagar a sua dívida e os custos da cooperativa”.Vânia
Ferreira admitiu que o processo de recuperação financeira vai
condicionar os investimentos prometidos na campanha eleitoral, mas disse
que a realidade é “muito pior” do que a situação financeira que
esperava.“Os valores são incomportáveis.
Ou nós tomamos a medida agora ou, ao estar a adiá-la, estamos a ser
cúmplices com tudo o que foi feito até aqui. Estamos a tomar esta
posição de uma forma muito responsável, para garantir que todo este
procedimento possa chegar a nós o quanto antes”, frisou.