Autor: Lusa/AO Online
Na
homilia da missa evocativa da primeira aparição de Fátima, o cardeal
considerou que “o mundo fatigado por esta travessia pandémica que ainda
dura” e que exige “vigilância e responsabilidade, não tem apenas fome e
sede de normalidade”.
“Precisa de novas
visões, de outras gramáticas, precisa que arrisquemos ter sonhos”,
frisou José Tolentino Mendonça, que preside à peregrinação internacional
de maio ao Santuário de Fátima, que hoje termina.
Neste
âmbito, o cardeal dirigiu-se especialmente aos jovens portugueses que
vão acolher o Papa Francisco, em 2023, na Jornada Mundial da Juventude
(JMJ), em Lisboa.
“Eu quero dizer a partir
de Fátima: em vez de ter medo, tenham sonhos. Descubram que Deus é
aliado dos vossos sonhos mais belos. Ousem sonhar um mundo melhor.
Sintam que o futuro depende da qualidade e da consistência dos vossos
sonhos”, apelou.
A JMJ é o maior evento
organizado pela Igreja Católica. Inicialmente prevista para agosto de
2022, a jornada em Lisboa foi adiada um ano devido à pandemia de
covid-19.
Portugal será o segundo país
lusófono, depois do Brasil, a acolher uma Jornada Mundial da Juventude,
criada em 1985 pelo Papa João Paulo II (1920-2005).
O
cardeal considerou que, “numa hora de encruzilhada da história” como
aquela que se vive, é urgente não só a reconstrução económica, mas
também “um relançamento espiritual”.
“Sem o
pão não vivemos, mas não vivemos só de pão. Os maiores momentos de
crise foram superados infundindo uma alma nova, propondo caminhos de
transformação interior e de reconstrução espiritual da nossa vida
comum”, afirmou.
Segundo Tolentino
Mendonça, “a experiência da pandemia e a crise poliédrica e global que
ela instaurou representam igualmente para a contemporaneidade um imenso
desafio a renascer”.
“A consciência das
cinzas deve responsabilizar-nos ainda mais na procura do fogo. Pois não
basta voltarmos exatamente ao que éramos antes: é preciso que nos
tornemos melhores. É preciso um suplemento de alma. É preciso que
desconfinemos o nosso coração”, sublinhou.
Dirigindo-se
aos 7.500 peregrinos que conseguiram lugar dentro do recinto do
santuário, aos quais se juntaram mais umas centenas no exterior, o
cardeal disse que se considera um deles.
“A
mensagem de Fátima vista de fora parece formatada e austera. E muitos,
olhando à superfície o santuário, veem apenas a dramática expressão de
tantas lágrimas, demandas e promessas. Mas os peregrinos de Fátima
experimentam que é muito mais do que isso”, sustentou.
No seu entender, os peregrinos chegam a Fátima “sempre de mãos vazias”, mas partem com “um sonho”.
“Fátima
ensina como se ilumina um mundo que está às escuras. Seja o pequeno
mundo do nosso coração, seja o coração do vasto mundo”, acrescentou.
O
limite de 7.500 pessoas estipulado para as celebrações da peregrinação
internacional de maio ao Santuário de Fátima, que hoje termina, foi
atingindo pelas 08h50, revelou à agência Lusa fonte oficial da
instituição.
A lotação foi alcançada poucos
minutos antes do início das celebrações, que começaram às 09h00 com a
recitação do terço. Seguiu-se a missa, que incluiu uma palavra dirigida
aos doentes, e a procissão do adeus.
Na
quarta-feira, a lotação máxima de 7.500 pessoas foi atingida às 20:25,
cerca de uma hora antes do início da peregrinação aniversária de maio no
Santuário de Fátima.