Autor: Lusa/AO Online
"Ele está agora a descansar (...). Ele está agora em paz. A nossa nação perdeu o maior dos seus filhos". Foi assim que o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, anunciou, numa declaração na televisão, a morte do dirigente da luta anti-apartheid e prémio Nobel da paz, que morreu aos 95 anos depois de meses hospitalizado em estado crítico e se tornou uma referência mundial que atravessou divisões políticas e ideológicas.
Em Portugal, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, considerou Mandela uma "figura maior da África do Sul e da História mundial" na mensagem de condolências que enviou a Jacob Zuma.
Também numa mensagem enviada a Zuma, o chefe do governo português, Pedro Passos Coelho, disse que Mandela "será uma referência inspiradora para as gerações futuras", enquanto o chefe da diplomacia, Rui Machete, considerou que desapareceu "uma grande figura" que deu um exemplo que deve permanecer na memória das pessoas.
A figura, muitas vezes descrita como "maior que a vida", de Nelson Mandela suscitou manifestações generalizadas de admiração e vassalagem ao seu exemplo.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que "muitos no mundo inteiro foram influenciados pela sua luta altruísta pela dignidade, igualdade e liberdade humana. Ele tocou as nossas vidas de uma forma muito pessoal".
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu "fazer tudo para seguir o exemplo" de Mandela, classificando-o como "um homem corajoso e profundamente bom".
Mandela "sacrificou a sua liberdade em prol da liberdade dos outros", transformando a África do Sul e o mundo inteiro, declarou Obama, que ordenou a colocação a meia haste das bandeiras dos Estados Unidos na Casa Branca e edifícios públicos, numa decisão que abrange as missões diplomáticas norte-americanas, portos, estações navais e navios militares e estará em vigor até ao final de segunda-feira.
Esta manhã, em Pequim, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault também deu conta da decisão do Presidente, François Hollande, de fazer o mesmo em França.
Para o primeiro-ministro britânico, David Cameron, "uma grande luz extinguiu-se no mundo", enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, recordou Nelson Mandela como um "exemplo para o mundo inteiro" e disse que os anos que passou na prisão não o fizeram desviar-se da mensagem pela reconciliação.
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, homenageou Nelson Mandela como "uma das maiores figuras políticas dos nossos tempos", manifestando-se de luto pela morte de um estadista que conheceu pessoalmente e a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, expressou a sua admiração pelo antigo presidente da África do Sul e assegurou que todos os democratas estão em divida para com ele.
No Brasil, a Presidente Dilma Rousseff afirmou que o exemplo de Nelson Mandela "vai guiar os que lutam pela justiça e pela paz", considerando que os brasileiros receberam "consternados" a notícia da morte de Mandela, a quem os sul-africanos chamam 'Madiba' com reverência, enquanto o seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou três dias de luto, através de uma mensagem na rede Twitter.
O Presidente palestiniano, Mahmud Abbas, também lamentou a perda de "um símbolo da libertação do colonialismo e da ocupação para todos os povos que aspiram à liberdade".
Na África do Sul, o arcebispo emérito Desmond Tutu, classificou o seu compatriota e Prémio Nobel da Paz como um homem que ensinou uma Nação dividida a unir-se e o Congresso Nacional Africano (ANC), maior partido do país, no poder desde 1994 e de que Mandela foi líder, lamentou a morte do "camarada Presidente".
"A nossa nação perdeu um colosso, um epítome de humildade, igualdade, justiça, paz e esperança para milhões, aqui e no estrangeiro", afirmou o secretário-geral do ANC, Gwede Mantashe.
A Ásia acordou na sexta-feira com mensagens idênticas, com o Japão a lamentar a perda de um "grande líder" e a China de "um velho amigo do povo chinês".
A "coragem", "inspiração" e a "vida de luta pela liberdade" foram também assinalados pelos chefes de Estado e/ou de Governo nomeadamente de Timor-Leste, Malásia, Singapura ou Indonésia.
Da Índia, pela vez do primeiro-ministro, Manmohan Singh, chegaram mensagens de pesar pela morte de um "verdadeiro gandhiano", fonte de "inspiração eterna para as gerações futuras".
O Dalai Lama, por seu turno, declarou ter perdido um "querido amigo", numa carta endereçada à família de 'Madiba', em que o descreve como "um homem de coragem, princípios e inquestionável integridade", tendo a líder da oposição birmanesa, também Nobel da Paz, destacando a figura que "nos fez perceber que podemos mudar o mundo".
A Unicef também se juntou ao gigante tributo, recordando "um herói" e "um poderoso defensor das crianças".
A morte de Mandela suscitou homenagens também fora da esfera política.
"Hoje o mundo perdeu um dos verdadeiros gigantes do século passado" disse o ator Morgan Freeman, que interpretou o líder sul-africano no filme "Invictus", realizado por Clint Eastwood e nomeado para os Óscares em 2009.
Idris Elba, que interpreta Mandela no filme "Mandela: O Longo Caminho para a Liberdade", que acaba de estrear nos EUA, disse: "Que honra foi entrar na pele de Nelson Mandela e representar um homem que desafiou as adversidades, quebrou as barreiras e defendeu os direitos humanos aos olhos do mundo".
Todas as bandeiras da África do Sul permanecerão a meia haste a partir de hoje e nos nove dias de cerimónias fúnebres, três dos quais reservados para a família.