Multas de 33 euros ou mais por desobediência ao confinamento no Reino Unido
Covid-19
24 de mar. de 2020, 18:46
— Lusa/AO Online
"Estas medidas não são conselhos: são regras e
serão feitas cumprir, incluindo pela polícia, com multas desde 30
libras até um valor ilimitado por falta de cumprimento”, afirmou, numa
intervenção hoje à tarde no parlamento britânico. Hancock
avisou que a pandemia de covid-19 está a "acelerar rapidamente” e que
as medidas tomadas são “absolutamente necessárias” para travar o ritmo
de transmissão, aliviar a pressão sobre o Sistema Nacional de Saúde
[NHS] e salvar vidas. O governo britânico
ordenou na segunda-feira aos britânicos para permanecerem em casa,
depois de intensa pressão da imprensa, especialistas e da oposição,
intensificando as medidas para reduzir a propagação da covid-19. Numa
comunicação ao país transmitida pela televisão, o primeiro-ministro,
Boris Johnson, disse que só devem sair para fazer “compras de bens
essenciais o menos frequentemente possível, uma forma de exercício por
dia, como correr, andar ou andar de bicicleta, sozinho ou com membros do
agregado familiar, por necessidade médica ou para ajudar uma pessoa
vulnerável e para ir para o emprego, mas só quando for necessário”.Quem
não cumprir as regras poderá ser multado pela polícia, que também terá
poderes para dispersar ajuntamentos de mais de duas pessoas. No
primeiro dia de confinamento, o trânsito automóvel foi reduzido e as
ruas de Londres, geralmente movimentadas durante a hora de ponta da
manhã, estavam silenciosas em muitas zonas.Porém,
imagens partilhadas nas redes sociais e na imprensa britânica mostravam
carruagens de metro lotadas, dificultando o respeito pelas regras de
distanciamento de pelo menos dois metros entre as pessoas. "Não
posso dizer com maior ênfase: devemos parar todo o uso desnecessário de
transportes públicos. Ignorar essas regras significa que vidas serão
perdidas", vincou o ‘Mayor' de Londres Sadiq Khan, através da rede
social Twitter.O endurecer das medidas de
distanciamento social é um resultado de uma sucessão de apelos do
governo aos britânicos, que começou no início de março com uma campanha
para a população lavar as mãos, seguida pelo conselho ao auto-isolamento
à pessoas com sintomas. Só na semana
passada é que as autoridades urgiram as pessoas a evitar contactos
sociais desnecessários e apenas dias mais tarde ordenaram o encerramento
de escolas e de estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes,
teatros, cinemas. O governo perdeu a
“janela de contenção” do vírus há várias semanas e a “hesitação e falta
de transparência” na forma como foram tomadas as decisões, que o governo
atribui a parecer científico, vai custar milhares de vidas, escreveu
hoje a professora de Saúde Global na Universidade de Edimburgo, Devi
Sridhar, no jornal The Guardian. Na sua
opinião, para reduzir o ritmo de contágio, o confinamento terá de ser
acompanhado pelo teste em massa de pessoas, da identificação dos seus
contactos e respetivo isolamento, aumento de capacidade do sistema de
saúde e maior proteção dos médicos e enfermeiros. “Temos de correr para compensar o tempo perdido com dois meses de passividade”, urgiu. O
balanço de hoje feito pelo Ministério da Saúde britânico confirmou 422
óbitos entre 8.077 casos positivos de pessoas infetadas com a covid-19,
identificadas após testes a 90.436 pessoas.