Mudanças técnicas em Benfica e Sporting podem animar mercado da I Liga
30 de dez. de 2024, 12:31
— Ricardo Tavares Ferreira/Lusa/AO Online
“Quando
há capacidade financeira, é normal que existam alguns ajustes nos
plantéis. Há jogadores que vieram no verão, mas não estão a justificar
[a aposta] e sairão, enquanto outros acabam por entrar. Agora, depende
principalmente dos treinadores que chegaram. Bruno Lage não começou a
época no Benfica e o Rui Borges está a trabalhar há poucos dias com o
Sporting. É normal que eles vejam algumas brechas [nas suas equipas] com
o desenrolar do tempo e talvez venham reforços para certas zonas do
terreno”, antecipou à agência Lusa o antigo defesa esquerdo dos três
‘grandes’ e atual comentador televisivo.À
entrada para a 17.ª jornada, e última da primeira volta, o campeão
Sporting partilha a liderança da I Liga com o FC Porto, ambos com 40
pontos, dois sobre o Benfica, terceiro.“O
Benfica tem uma equipa feita, com jogadores que já jogam juntos há algum
tempo. O Sporting também, excetuando algumas posições em que houve
adaptações e as coisas deram certo até determinada altura. No FC Porto,
depois daqueles problemas todos, as vitórias foram aparecendo e a equipa
está a responder razoavelmente ao exigido”, disse.Consciente
de que “há sempre ajustes a fazer” a meio da temporada e o próprio
mercado “assim também o exige”, Fernando Mendes admite a chegada de um
novo lateral direito ao Benfica e ao Sporting, que requeria ainda de uma
“solução mais válida” para a baliza.“Os
treinadores é que sabem o que podem fazer para melhorar as suas equipas.
Existem sempre alvos, aos quais não se consegue chegar por vezes. Seja
como for, tirando raras exceções, tem de haver uma saída para vir
alguém. É o que sucede por norma. Só se os clubes estiveram bem
financeiramente”, observou o ex-defesa do Sporting (1985-1989) e do
Benfica (1989-1991 e 1992/93), ao serviço do qual foi campeão nacional
em 1990/91.Se cada rival lisboeta investiu
acima dos 50 milhões de euros (ME) no verão, o FC Porto aproximou-se
dos 40 ME na primeira janela de transferência da presidência de André
Villas-Boas, apesar das restrições ditadas pelo regime de ‘fair play’
financeiro da UEFA.Vencedor dos últimos
três cetros do inédito ‘penta’ dos ‘dragões’, pelos quais alinhou de
1996 e 1999, Fernando Mendes vê chegar mais uma opção ofensiva à equipa
de Vítor Bruno, o único treinador dos ‘grandes’ que continua em funções
desde o início da época.“Quem está a jogar
e não me convence é o Nehuén Pérez. Não é mau jogador, mas há coisas a
nível posicional que têm prejudicado o FC Porto muitas vezes. Para o
valor que custou, não tem sido um substituto ideal em comparação com
aqueles defesas centrais que o clube apresentou ao longo dos anos”,
atirou, sentindo que o guarda-redes bósnio Vladan Kovacević, reforço
adquirido a título definitivo pelo Sporting no verão, e o lateral
direito burquinês Issa Kaboré, cedido ao Benfica, também têm frustrado
as expectativas.Pelo contrário, o
ex-internacional português vinca o impacto gerado no FC Porto com a
contratação do ponta de lança espanhol Samu, que tem 18 golos em 21
jogos, 13 dos quais na I Liga, cujo melhor marcador é o sueco Viktor
Gyökeres, do Sporting, com 18.As
principais referências atacantes de ‘dragões’ e ‘leões’ encimam a lista
dos jogadores mais valiosos da prova, de acordo com a mais recente
atualização publicada em 19 de dezembro pelo portal germânico
Transfermarkt, especializado em transações de futebol.Melhor
marcador do ano civil de 2024 a nível mundial, fruto de 62 tentos em 63
partidas entre clube e seleção, Gyökeres passou mesmo a ter o valor de
mercado mais alto de sempre na I Liga, com 75 milhões de euros (ME),
destronando o avançado internacional português João Félix, cotado em 70
ME em junho de 2019, quando pertencia ao Benfica.“O
Sporting pode ter muitas dificuldades em resistir à tentação de
vendê-lo, mas isso vai depender da disponibilidade financeira dos
interessados. Não sendo um jogador para a carteira de qualquer clube,
temos de ver se aparecerá algum com a capacidade de fazer investimentos
dessa natureza e com a necessidade de um ponta de lança”, reconheceu
Gonçalo Tristão Santos, gestor de conteúdos do Transfermarkt, em
declarações à Lusa.Contratado no verão de
2023 ao Coventry, do segundo escalão inglês, por 20 ME fixos, Gyökeres
tem uma cláusula de rescisão de 100 ME e está vinculado até junho de
2028.“Ao contrário da época passada, já
teve a montra da Liga dos Campeões e fez um ‘hat-trick’ ao Manchester
City [na goleada caseira por 4-1, da quarta jornada da fase de liga].
Feitos e exibições destas colocam sempre estes jogadores na montra e nas
bocas do mundo. Agora, acredito que só as propostas muito altas e
completamente irrecusáveis poderão fazer os ‘grandes’ vender as suas
principais figuras em janeiro. Não faz sentido privarem-se dos seus
melhores jogadores já com a temporada em andamento”, indicou.