Mudança na lei do tabaco “não é uma política contra quem fuma”
17 de mai. de 2023, 13:40
— Lusa
“O ponto essencial é tratar da redução
do fumo do tabaco. O fumo do tabaco não é uma matéria secundária em
matéria de saúde pública. A mudança da lei do tabaco não é uma política
contra quem fuma”, disse Manuel Pizarro quando confrontado pelos
jornalistas, no Porto, à margem de uma visita ao Hospital de Santo
António, sobre o calendário de rastreios dedicados ao cancro do pulmão.“Em
2023 vamos começar com as iniciativas de rastreio”, avançou o ministro,
garantindo que os projetos relacionados com esta área não estão
parados.Admitindo que a mudança da lei do
tabaco é uma matéria que agora, tal como aconteceu em 2007, “tem sempre
muitas resistências”, Manuel Pizarro referiu que em causa estão dois
objetivos: “Preservar os que não fumam da exposição ao fumo do tabaco e
garantir que as jovens gerações chegam a 2040 como uma geração livre de
tabaco”.“Os cancros cuja mortalidade mais
aumentou são cancros relacionados com o consumo de tabaco: pulmão,
traqueia e brônquios”, disse o governante.O
Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira diversas alterações à lei
do tabaco, equiparando cigarros eletrónicos ao tabaco normal e criando
restrições à venda e consumo.“O Governo
aprovou em Conselho de Ministros uma proposta de lei que dá passos
firmes na proteção das pessoas à exposição do tabaco. As embalagens de
tabaco aquecido passarão a ser equiparadas ao tabaco convencional, com
obrigação de apresentarem as advertências de saúde combinadas e passa a
ser também proibida a venda de produtos de tabaco aquecido com
aromatizantes nos seus componentes”, afirmou Manuel Pizarro,
esclarecendo que estas medidas produzem efeitos já a partir de 23 de
outubro.Na conferência de imprensa
realizada após o Conselho de Ministros, o governante realçou a
necessidade de transposição jurídica de uma diretiva europeia sobre esta
matéria e o impulso para “diminuir os estímulos ao consumo” e ajudar os
portugueses a “ultrapassar a dependência” do tabaco.Entre
as medidas anunciadas está o “alargamento da proibição de fumar ao ar
livre dentro do perímetro de locais de acesso ao público de uso
coletivo, sobretudo nos espaços onde estão pessoas mais vulneráveis,
sejam equipamentos de saúde ou escolares e a impossibilidade de criação
de novos espaços reservados a fumadores nos recintos onde isso ainda é
permitido em áreas fechadas”.Para os
estabelecimentos que têm os seus espaços adaptados aos procedimentos
legislativos que entraram recentemente em vigor, a eliminação definitiva
do fumo em áreas fechadas só entra em vigor a partir de 2030,
permitindo-lhes recuperar o investimento realizado.Hoje,
também questionado sobre a continuidade do programa de transição para o
setor social - que libertou 700 vagas nos hospitais, vagas essas que já
foram “plenamente utilizadas”, como confirmou hoje Manuel Pizarro, - o
ministro da Saúde disse que a tutela “está a trabalhar para alargar essa
rede”.“Temos de facto um problema no país
relacionado com a dificuldade em dar resposta ao envelhecimento das
pessoas e ao facto de haver hoje mais pessoas que vêm ao hospital por
uma qualquer necessidade e depois não têm retaguarda suficiente para
lhes dar apoio (…). As 700 vagas estão plenamente utilizadas. Precisamos
de mais e estamos a trabalhar com o setor social para aumentar o número
de vagas”, disse Manuel Pizarro.O
ministro da Saúde também foi convidado a comentar os dados de um
relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre saúde nas prisões
que dá conta de que menos de 10% dos reclusos portugueses diagnosticados
com hepatite C fizeram tratamento nos últimos 12 meses.“Vamos
considerar a hepatite C extinta em Portugal muito antes da meta de 2030
e não da meta de 2050. Não vi esse relatório. Não sei em que dados se
baseia, mas posso dizer que estou tranquilo com a forma como está a
decorrer o programa de erradicação de hepatite C”, garantiu o
governante.