MP recorre de uma das medidas de coação aplicadas a suspeitos de burla agravada nos Açores
1 de abr. de 2024, 16:49
— Lusa/AO Online
“O
Ministério Público interpôs recurso da medida de coação aplicada a um
dos arguidos, por entender que deve aguardar os ulteriores do processo
sujeito à medida de coação de prisão preventiva”, lê-se no comunicado,
divulgado na página da Internet da Procuradoria-Geral Regional de
Lisboa.Em causa estão nove arguidos, três
mulheres e seis homens, “fortemente indiciados pela prática de crimes de
falsificação de documentos, burla agravada, fraude na obtenção de
subsídio e branqueamento de capitais”, que terão lesado o Estado
português “em milhões de euros”.São
suspeitos de terem montado na ilha Terceira, nos Açores, duas agências
de viagens, “com o fim de comercializar passagens aéreas para o
continente e para a Região Autónoma da Madeira, por valores muito abaixo
do praticado pelas companhias aéreas, fabricando faturas falsas, em
nome de colaboradores das agências, aí fazendo constar um preço da
tarifa inflacionado ou com uma taxa de serviço elevada, pedindo
posteriormente os reembolsos das viagens nas estações dos CTT”.Os
arguidos foram apresentados a primeiro interrogatório judicial nos dias 14 e
15 de março, mas apenas um ficou em prisão preventiva.Os
restantes ficaram proibidos de frequentar “lojas dos CTT ou outros
locais onde seja possível a obtenção do subsídio social de mobilidade,
com vista à obtenção de tal subsídio, exceto quando esteja em causa
viagens suas”.A quatro dos arguidos foi aplicada a “proibição de se ausentarem da ilha onde residem, com a entrega nos autos dos passaportes”.Dois
desses arguidos ficaram ainda sujeitos a “apresentações periódicas
trissemanais no posto policial da área das suas residências” e proibidos
“de contactar, direta ou indiretamente, com pessoas que lhes tenham
adquirido ou lhes queiram adquirir, a eles ou à sociedade de que são
sócios, passagens aéreas reembolsáveis através do subsídio social de
mobilidade”.A investigação é dirigida pelo
Ministério Público da Praia da Vitória, coadjuvado pelo Departamento de
Investigação Criminal da Polícia Judiciária dos Açores.No
dia 15 de março, a Polícia Judiciária revelou que tinham sido detidas
nove pessoas indiciadas pela prática de “crimes de burla qualificada,
falsificação de documentos, fraude na obtenção de subsídio e
branqueamento”, no âmbito da operação “Mayday”.Segundo
a PJ, os detidos são suspeitos de terem montado no verão do ano
passado, na ilha Terceira, duas agências de viagens, “criadas com o
propósito de comercializar passagens aéreas para o continente e para a
Região Autónoma da Madeira, por valores muito abaixo do praticado pelas
companhias aéreas”.Os arguidos emitiam
alegadamente uma fatura “com o valor promocional, que variava entre os
10 e os 50 euros” e posteriormente uma segunda fatura sobre a mesma
viagem, em nome de um colaborador da agência, “com o preço da tarifa
inflacionado ou com uma taxa de serviço elevada”, com intuito de pedir
um reembolso das viagens nas estações dos CTT.“Em
média, o valor de cada pedido de reembolso foi de 3.300 euros, para um
preço médio por bilhete pago à operadora aérea de cerca de 150 euros”,
revelou a PJ.No âmbito da operação, foram
realizadas 26 buscas, das quais resultou a detenção de nove pessoas e a
apreensão de um valor superior a 460 mil euros, um barco e 10 veículos
de alta cilindrada e topo de gama.