MP pede absolvição de Pedro Dias pelo crime de recetação
20 de fev. de 2020, 17:17
— Lusa/AO Online
Pedro
Dias – que, em março de 2018, foi condenado à pena máxima de 25 anos
por vários crimes cometidos em Aguiar da Beira, entre os quais três
homicídios – começou hoje a ser julgado no Tribunal de Sátão pelo crime
de recetação.Depois de ouvido o arguido e
todas as testemunhas, a procuradora da República pediu a absolvição, por
considerar que não foi produzida prova que permitisse concluir que
Pedro Dias cometeu o crime.De acordo com a
acusação, em abril de 2014, houve um assalto ao canil intermunicipal,
de onde foram levadas jaulas, rações, medicamentos e material
veterinário, entre o qual ‘microchips’.A
acusação faz a ligação entre esses ‘microchips’ roubados e uns que Pedro
Dias tinha numa quinta de Mangualde e que, depois da sua prisão
preventiva devido aos homicídios de Aguiar da Beira, foram parar às mãos
de um veterinário de Recarei e implantados num cão e em vários cavalos.Pedro
Dias disse em tribunal que, efetivamente, tinha uns “40 a 50
‘microchips’” na quinta de Mangualde, mas que foram adquiridos numa loja
de Espanha, juntamente com uma máquina de leitura.Segundo
o arguido, a última vez que esteve na quinta de Mangualde foi no dia 10
de outubro de 2016 (os homicídios de Aguiar da Beira ocorreram no dia
seguinte), tendo depois esta ficado ao abandono.Preocupado
com os animais da quinta, pediu à irmã para contactar um amigo seu,
Miguel Brandão, no sentido de ele se encarregar deles, dando autorização
para levar materiais que lá estivessem, contou.Miguel
Brandão contou que levou cinco cavalos, alguns cães, medicamentos e
materiais, numa altura em que a quinta já tinha sido vandalizada.
Depois, pediu ajuda ao veterinário Hugo Matias para tratar dos animais
e, numa “troca de favores”, deu-lhe os materiais.Hugo
Matias confirmou esta história, acrescentando que não desconfiou da
proveniência dos ‘microchips’. Um deles foi implantado pela sua clínica
num cão e os outros, cuja referência era “ou antiga ou espanhola”,
entregou-os a um cliente que tinha cavalos, dando-lhe a conhecer como os
tinha arranjado.Segundo o veterinário, cada ‘microchip’ custa cerca de 2,30 euros.A
leitura da sentença ficou marcada para 13 de março. Pedro Dias foi
dispensado de estar presente e conhecerá a decisão do Tribunal de Sátão
por videoconferência, a partir do Estabelecimento Prisional de Coimbra.No
final da sessão, o advogado Rui da Silva Leal lembrou aos jornalistas
que “Pedro Dias tem uma pena de prisão de 25 anos a cumprir” pelos
homicídios de Aguiar da Beira.“Estes
factos, a terem ocorrido, têm uma data anterior à data do acórdão
proferido no Tribunal da Guarda e, portanto, se fosse condenado, nunca
poderia cumprir mais do que os 25 anos”, explicou.Além
do processo que decorreu no Tribunal da Guarda, Pedro Dias foi também
julgado por outros crimes em S. Pedro do Sul, Tondela, Arouca e Évora.“Não há uma pena que venha a acrescer aos 25 anos, continua sempre na mesma, tem que cumprir no máximo 5/6 da pena”, frisou.