MP instaura inquérito à queda de helicóptero no Douro que causou cinco mortes
5 de set. de 2024, 11:06
— Lusa/AO Online
“Confirma-se
a instauração de inquérito. O mesmo corre termos na 1.ª Secção de
Lamego do DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Viseu”,
refere a PGR, em resposta escrita enviada à agência Lusa.Aquando
do acidente ocorrido na sexta-feira, 30 de agosto, seguiam a bordo do
aparelho seis ocupantes, piloto, único sobrevivente, e cinco militares
da GNR/Unidade de Emergência, Proteção e Socorro (UEPS), que regressavam
de um incêndio, no concelho de Baião (Porto).O
helicóptero acidentado, do modelo AS350 – Écureuil, era operado pela
empresa HTA Helicópteros, sediada em Loulé, Algarve, e o acidente
aconteceu quando regressava ao Centro de Meios Aéreos (CMA) de Armamar
(Viseu).Numa Nota Informativa (NI)
divulgada na terça-feira, o Gabinete de Prevenção e Investigação de
Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) refere que o
piloto disse ter observado, antes do acidente, “uma ave de médio porte”
na mesma linha de voo, obrigando a “um desvio”, mas a investigação
ainda não determinou onde executou essa manobra.Este
organismo refere que “no voo de regresso à base de Armamar, a aeronave
iniciou uma descida constante, onde sobrevoou a margem esquerda (sul) do
rio Douro em direção à cidade de Peso da Régua (Vila Real)”.“No
decurso dessa descida, segundo as declarações do piloto [único
sobrevivente], este terá observado uma ave de médio porte à mesma
altitude e na trajetória do helicóptero, que o obrigou a executar um
desvio à direita, retomando a rota logo de seguida. Dos dados recolhidos
até ao momento não foi possível determinar de forma independente o
ponto de execução dessa manobra”, sublinha o GPIAAF.Em
sequência, acrescenta a investigação, “mantendo a descida
em direção ao rio em volta à esquerda, a aeronave colidiu com a
superfície da água com uma velocidade em torno dos 100 nós (185 km/h)
por motivos a determinar”.“No processo de
dissipação de energia ocorrido durante a colisão, o piloto, sentado à
direita, e o ocupante da cadeira esquerda do cockpit foram projetados
para fora da aeronave”, lê-se ainda na NI.Segundo o GPIAAF, “as evidências sugerem que o motor da aeronave estava a produzir potência no momento da colisão”.Em
declarações à Lusa, na quarta-feira, o advogado do piloto pediu “uma
investigação isenta e imparcial”, defendendo que o acidente foi causado
por uma “falha mecânica” no aparelho.“Queremos
que haja a garantia, para nós e para a família das vítimas, de que vá
ser feita uma investigação isenta e imparcial ao acidente, que envolve
várias entidades”, declarou Albano Cunha, acrescentando querer saber
“quem são os peritos e que entidades representam”.Sobre
o que motivou a queda do helicóptero, o advogado não tem dúvidas de que
a mesma foi originada, segundo o seu cliente, por uma falha mecânica,
que nada teve a ver com o facto de o piloto ter sido obrigado a
desviar-se de uma ave que estava na mesma linha de voo, momentos antes
do desastre.“Não temos dúvidas nenhumas de
que foi falha mecânica. O meu cliente diz que os comandos ficaram
presos, bloqueados e agora esperemos que a investigação nos diga o
porquê. Queremos que fique claro que a ave não foi a razão da queda do
helicóptero. O desvio de uma ave é uma manobra perfeitamente normal, que
foi realizada com sucesso. Isso não teve relevância nenhuma para o
acidente”, salientou Albano Cunha.