Movimento diz que Plano de Resíduos prova que incineradora de São Miguel "é desnecessária"
23 de fev. de 2023, 12:42
— Lusa/AO Online
Em comunicado
de imprensa, o movimento indica que a última versão do novo Plano
Estratégico de Prevenção e Gestão de Resíduos dos Açores (PEPGRA 20+)
aponta para que "em 2035, sejam produzidas anualmente 155 mil toneladas
de resíduos urbanos nos Açores, das quais 100 mil serão recicladas e 18
mil irão para aterro, sobrando apenas 37 mil para incineração".Segundo
o movimento, constituído pelas associações ambientalistas Amigos dos
Açores, Artac, Quercus (núcleo de S. Miguel) e ZERO, aquele quantitativo
"é inferior à atual capacidade instalada da incineradora da ilha
Terceira, a qual é da ordem das 40 mil toneladas/ano"."Desta
forma, o PEPGRA 20+ vem confirmar a tese do Movimento Salvar a Ilha de
que a construção de um novo incinerador na região na ilha de S. Miguel
não é necessária, caso sejam cumpridas a metas obrigatórias de
preparação para reutilização e reciclagem dos resíduos urbanos, as quais
apontam para um valor de 65% em 2035", sustentam.O
movimento diz esperar agora que, "perante esta evidência, o Governo
Regional faça parar este projeto e desvie as dezenas de milhões de euros
que implica a sua construção para outras utilizações muito mais
relevantes em termos ambientais", nomeadamente o investimento, "em todas
as ilhas, em medidas de prevenção e reutilização dos resíduos".O
movimento 'Salvar a Ilha' defende ainda que os "milhões de euros" para a
construção de uma incineradora em São Miguel sejam canalizados na
"melhoria da recolha seletiva multimaterial (embalagens e papel) e de
biorresíduos (resíduos orgânicos), através da recolha porta-a-porta" e
na instalação de uma unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) na
ilha Terceira para "aumentar a taxa de reciclagem dessa ilha".Os
ambientalistas sustentam que o PEPGRA 20+, para além de demonstrar que o
projeto de incineração previsto para São Miguel "é desnecessário", vem
também provar que "a construção deste mega incinerador vai impedir o
cumprimentos das futuras metas de reciclagem nessa ilha e mesmo em todo o
arquipélago"."O projeto do incinerador
prevê uma capacidade máxima de incineração de 89 mil toneladas por ano,
pelo que, a concretizar-se, vai forçosamente ter de ser alimentado com
muitos dos resíduos que poderiam ser reciclados, pois, caso isso não
aconteça, o projeto torna-se financeiramente inviável", apontam.Segundo
o movimento, essa situação já se passa "na ilha Terceira", onde a taxa
de reciclagem "tem vindo a diminuir desde que o incinerador entrou em
funcionamento", tal como "noutras regiões de Portugal" onde foram
colocados incineradores "sobredimensionados e que têm taxas de
reciclagem bastante abaixo das metas comunitárias", como a "Madeira,
Lisboa (Valorsul) e Porto (Lipor)".Além
disso, o movimento entende que a incineradora da ilha Terceira pode ser
ampliada, caso seja necessário, para "poder receber mais 20 mil
toneladas de resíduos por ano".Em 2016, a
Associação de Municípios da Ilha de São Miguel decidiu, por unanimidade,
avançar com a construção de uma incineradora de resíduos, orçada em
cerca de 60 milhões de euros.O contrato
entre a italiana Termomeccanica e a MUSAMI — Operações Municipais do
Ambiente para a construção da incineradora, num investimento de 58
milhões de euros, foi assinado em fevereiro de 2021, apesar das
contestações judiciais por parte de associações ambientalistas.