Movimento defende proibição dos telemóveis nas escolas e fim dos manuais digitais
2 de set. de 2024, 18:01
— Lusa/AO Online
“Ficamos com a
clara ideia de que o Ministério não vai seguir essa linha, o que é uma
pena”, lamentou Mónica Pereira, em declarações à agência Lusa no final
de uma reunião no Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI).Na
reunião, em que esteve presente o secretário de Estado Adjunto e da
Educação, Alexandre Homem Cristo, o movimento Menos Ecrãs, Mais Vida
defendeu a proibição dos ‘smartphones’ em todas as escolas, uma decisão
que, atualmente, está nas mãos dos diretores.“O
estatuto do aluno diz que é proibido captar e divulgar imagens, mas
essa questão não se pratica”, referiu Mónica Pereira, que entende que,
mais do que alterar o regulamento de cada escola para limitar o uso dos
telemóveis, seria necessário rever o estatuto do aluno nesse sentido.No
ano passado, o anterior ministro da Educação, João Costa, pediu um
parecer ao Conselho das Escolas sobre o tema e, na altura, os diretores
entenderam que a solução para responder aos impactos negativos do uso
dos telemóveis em contexto escolar não passa por proibir a sua
utilização, defendendo que fossem os próprios agrupamentos a decidir.Segundo
a porta-voz do movimento, o MECI vai agora criar guias informativos
para as escolas, mas apesar de reconhecer a importância das campanhas de
informação e sensibilização, considera que não chega.Insuficiente é também a posição da tutela quanto aos manuais escolares digitais, acrescenta Mónica Pereira.Em
agosto, o MECI anunciou a continuidade do projeto-piloto no próximo ano
letivo, mas com a realização de uma avaliação de impacto da medida para
decidir a sua continuidade a partir de 2025/2026.Para
já, na quinta fase do projeto mantêm-se os mesmos moldes para os alunos
do 2.º e 3.º ciclos, com a possibilidade de novas turmas aderirem aos
manuais digitais, mas não serão integradas novas turmas do 1.º ciclo e
do ensino secundário.“Está muito aquém do
que pedimos e do que é praticado noutros países”, sublinhou a porta-voz,
que antecipa que os resultados da avaliação de impacto reflitam as
posições que têm sido partilhadas por muitos pais e professores.Em
maio, um inquérito realizado pelo movimento revelou que mais de quatro
em cada cinco encarregados de educação estão insatisfeitos e defendem o
fim da iniciativa.Entre as 462 respostas,
90% dos encarregados de educação dizia preferir os livros em papel por
permitirem uma maior concentração dos alunos e apenas 8% preferem os
manuais digitais. Quase um terço continuava a comprar os manuais em
papel, apesar da transição.No ano passado,
os manuais digitais chegaram a 24.011 alunos, a maioria do 3.º ciclo
(46,8%), seguido do 2.º ciclo (28,5%), secundário (16,3%) e 3.º e 4.º
anos (8,4%), segundo dados da Direção-Geral da Educação.Foi
o ano mais participado do projeto-piloto que se iniciou em 2020/2021,
em plena pandemia de covid-19, com cerca de mil alunos em nove escolas.