Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores apela à oposição à sorte de varas
28 de jan. de 2025, 16:10
— Lusa/AO Online
“O MCATA apela ao
envolvimento de todas as pessoas em ações de oposição às sucessivas
tentativas de legalizar a sorte de varas, prática bárbara que não tem
espaço numa civilização decente e que constitui um notório atentado à
integridade física dos animais e uma atitude que indica um retrocesso
legislativo, político, moral e civilizacional que manchará a imagem dos
Açores a nível nacional e internacional”, lê-se num comunicado do
movimento.Na sexta-feira, na
sessão de abertura do IV Fórum Mundial da Cultura Taurina, em Angra do
Heroísmo, na ilha Terceira, o antigo presidente da Tertúlia Tauromáquica
Terceirense e membro da comissão organizadora do fórum José Parreira
defendeu a legalização na região da sorte de varas, em que os touros são
picados.“Queremos afirmar aqui hoje que o
tema jamais foi esquecido e que na altura devida voltaremos a incomodar
os nossos representantes com aquilo que para nós é uma prática
essencial. É pela reposição da sorte de varas que recomeçaremos a ganhar
o futuro”, adiantou.Na reação, o
secretário regional da Agricultura e Alimentação (PSD/CDS/PPM), António
Ventura, desafiou a Tertúlia Tauromáquica Terceirense a voltar a sondar a
possibilidade de a sorte de varas ser discutida no parlamento, alegando
que a arquitetura atual, com oito partidos e sem uma maioria absoluta,
“pode ser uma vantagem”.“Não vai ser uma
tarefa fácil, teremos de fechar os ouvidos e os olhos a muitos ataques,
mas nos Açores mandam os açorianos e mandam através do seu parlamento
regional, primeiro órgão da nossa soberania”, afirmou.Em
2009, já tinha sido apresentada uma proposta para legalizar a sorte de
varas no parlamento açoriano, mas a iniciativa foi chumbada com 28 votos
contra e 26 a favor.O Movimento Cívico
Abolicionista da Tauromaquia nos Açores acusou o secretário regional de
incoerência por se apresentar “como paladino da defesa do bem-estar
animal” e, ao mesmo tempo, considerar a composição atual da Assembleia
Legislativa vantajosa para a legalização de uma “prática sanguinária”.O
MCATA considerou ainda que a afirmação do titular da pasta da
Agricultura, que defendeu, na sessão de abertura do fórum, que a tourada
era “a melhor escola de cidadania”, é “insultuosa para todos os pais e
mães, docentes e demais pessoas envolvidas em atividades educativas”.“António
Ventura não tem condições para continuar a chefiar uma secretaria
regional, pois por mais de uma vez demonstrou a sua ignorância e
insensatez”, vincou.O movimento manifestou
“muita apreensão” com a possibilidade de legalização da sorte de varas,
que considerou um “retrocesso gritante em relação à proteção dos
animais”.“Não satisfeitos com a
barbaridade que são as touradas, nomeadamente as de praça, os inimigos
do bem-estar animal, dos direitos dos animais e dos direitos humanos
pretendem que o sofrimento animal seja levado ao extremo, através da
legalização das touradas picadas ou sorte de varas, prática destinada a
violentar o animal através de vários ataques com uma lança que o levam a
perder até um terço do seu sangue”, sublinhou.A
discussão em torno da possibilidade de legalização da sorte de varas
motivou críticas dos deputados do BE e do PAN na Assembleia Legislativa
dos Açores.A Associação Vegana dos Açores
lançou uma petição pública a apelar a que uma eventual proposta de
legalização da sorte de varas “não tenha o parecer positivo” dos vários
partidos que compõem a Assembleia Legislativa dos Açores, que conta com
mais de 900 assinaturas.