Os motoristas de transporte público e de carga ameaçam
fazer greve, caso as suas reivindicações não sejam cumpridas, após
negociações com as entidades patronais.Em causa estão oaumento
salarial ajustado às atuais condições de vida e proporcional ao aumento
do salário mínimo e a renovação do concurso público das carreiras,
indica o Sindicato dos Profissionais dos Transportes, Turismo e Outros
Serviços de São Miguel e Santa Maria (SPTTOSSMSM).O sindicato irá
entrar em negociações com as entidades patronais brevemente, mas caso as
empresas não tenham a intenção de ceder às reivindicações dos
motoristas de transporte público, de carga e de matérias perigosas, o
presidente do SPTTOSSMSM, Nuno Amaral, informa que vão fazer um
pré-aviso de greve.Ou seja, se não houver um consenso, “vamos
avançar com um período de três dias de greve consecutivos”, bem como
“dois dias de greve nos primeiros dois dias úteis dos meses seguintes”,
informa. Em declarações ao Açoriano Oriental, Nuno Amaral, explica
que “foi pedido pela parte do sindicato um aumento que chegasse aos 7%”.Contudo,
o dirigente sindical aponta que as empresas apenas “nos querem dar
aumentos de metade daquilo que o governo tem dado”, referindo ainda que
“a resposta das entidades patronais foi que nos poderíamos dar cerca de
3,5% e um aumento de cerca de dez euros”, no subsídio de alimentação. Nos
últimos anos, devido à redução do aumento salarial em proporção com o
aumento do salário mínimo, os motoristas estão neste momento com um
vencimento ligeiramente superior ao salário mínimo, o que não satisfaz
estes profissionais.“O que vemos é que com o aumento que as empresas
estão a propor vamos ficar acima do vencimento mínimo atribuído pelo
governo este ano: 860 euros. Vamos ficar com um acréscimo um pouco acima
do que este aumento que o governo está a dar”, realça.Para Nuno
Amaral, este vencimento não é suficiente tendo em consideração o
trabalho efetuado pelos motoristas e os próprios horários. “Estamos
disponíveis para as empresas cerca de 13 horas por dia, nessas treze
fazemos oito. O que dá um total de 40 horas semanais”, afirma,
adiantando que os colegas de profissão em Portugal Continental têm o
mesmo horário, mas “estão muito mais acima de nós em termos de
vencimento”.O dirigente sindical salienta que todas estas
circunstâncias acabam por saturar os motoristas, causando não só um
cansaço físico, como também psicológico, o que acaba por culminar, em
alguns casos, na necessidade de colocar baixa.Há também muitas
queixas no que toca à renovação e concessão das carreiras dos
autocarros, através de concurso público. Deste modo, o sindicato urge o
“cuidado”, de quem está responsável por esta questão, para adequar os
horários de acordo com o trânsito que há na ilha.“As carreiras estão
feitas há mais de 50 anos. Os horários são sempre os mesmos, o fluxo de
trânsito automóvel aumentou, o que faz com que quando andamos na
estrada temos, às vezes, de andar um pouco mais depressa”, afirma Nuno
Amaral, justificando que “não é seguro para nós”.Por razões de
segurança, Nuno Amaral diz ainda que foi pedido “consciência por parte
das empresas”, para atribuir um subsídio de risco aos motoristas que
transportam matérias perigosas, que foi recusado.Sindicato diz que há “falta drástica de motoristas” em São Miguel De
acordo com o presidente do SPTTOSSMSM, existe uma “falta drástica de
motoristas” nas empresas na ilha de São Miguel, o que se pode verificar
também pela redução na procura de escolas de condução.Para Nuno
Amaral, a falta de motoristas deve-se, em primeiro lugar, ao próprio
custo que implica tirar a carta de condução, juntamente com a formação
certificada de motorista, o que pode chegar a um investimento de três
mil euros. Uma situação que aliada às atuais condições salariais, é
muito preocupante, admite o presidente do SPTTOSSMSM.“Neste preciso
momento há empresas que já perderam 50% da mão-de-obra que tinham há
cerca de cinco, seis anos. Não se consegue ver um futuro próximo se
essas novas gerações também não estão para aí interessadas”, lamenta
Nuno Amaral, acrescentando que “aquilo que nós temos solicitado às
empresas é que precisamos urgentemente de muita mão-de-obra. As empresas
estão muito abaixo das capacidades que tinham no antecedente”, frisa.