Mota Amaral elogia marca de Ferro no parlamento e avisa que “políticos nunca se reformam”
25 de nov. de 2021, 13:40
— Lusa/AO Online
João
Bosco Mota Amaral, que presidiu ao parlamento na IX legislatura entre
09 de abril de 2002 a 09 de março de 2005, reuniu-se, esta quinta-feira, durante meia
hora com Eduardo Ferro Rodrigues, na Assembleia da República.“Foi
um encontro para agradecer as gentilezas que o presidente Ferro
Rodrigues teve comigo durante esses anos em que estive à frente do
parlamento e, ao mesmo tempo, vim despedir-me dele e desejar-lhes as
maiores felicidades nas suas novas tarefas”, explicou, no final, em
declarações aos jornalistas.Na
semana passada, Ferro Rodrigues comunicou aos líderes das diferentes
bancadas parlamentares que não se recandidatará nas listas de deputados
do PS nas próximas eleições legislativas.No entanto, o também antigo presidente do Governo Regional dos Açores recusou que tal signifique uma reforma.“É
evidente que uma pessoa com o traquejo de Ferro Rodrigues não vai
desaparecer da cena política. De forma nenhuma, os políticos nunca se
reformam, é uma das minhas teses”, afirmou.Mota Amaral fez ainda uma avaliação muito positiva do desempenho do cargo pelo atual presidente da Assembleia da República.“Foi
uma tarefa muito difícil, devido às razões que são óbvias, mas
desempenhou muito bem, com muito vigor, e deixa uma marca na história do
parlamento”, considerou.“Por pouco, não batia todos os recordes levando até ao fim a legislatura, mas há surpresas na vida parlamentar”, acrescentou.O
‘recorde’ de longevidade de um presidente da Assembleia da República
pertence a Almeida Santos, que exerceu funções entre novembro de 1995 e
abril de 2002, seguido de perto por Jaime Gama, entre março de 2005 e
junho de 2011.Ferro
Rodrigues deverá ficar muito perto dos seis anos e alguns meses destes
dois antigos presidentes, já que só deixará de ser presidente da
Assembleia da República com o arranque da nova legislatura,
previsivelmente em fevereiro.Ferro
Rodrigues, secretário-geral do PS entre 2002 e 2004, ministro dos
governos de António Guterres entre 1995 e 2001, foi eleito presidente da
Assembleia da República em 23 de outubro de 2015, numa votação que
sinalizou a inviabilidade parlamentar do executivo minoritário PSD/CDS
saído das eleições legislativas desse ano.Na
primeira reunião plenária da XIII Legislatura, apoiado por PS, BE, PCP e
PEV, Ferro Rodrigues foi eleito presidente da Assembleia da República,
com 120 votos, enquanto o social-democrata Fernando Negrão, apoiado por
PSD e CDS-PP, obteve 108 votos.PSD e CDS-PP acusaram então o PS de romper uma tradição de eleger para este cargo o candidato do partido mais votado.Ferro
Rodrigues foi reeleito presidente da Assembleia da República em 25 de
outubro de 2019, semanas depois de eleições legislativas que deram a
vitória ao PS, embora sem maioria absoluta.Na
reeleição, em que foi candidato único ao segundo lugar da hierarquia do
Estado, o clima político foi bem distinto do de 2015. Ferro Rodrigues
teve 178 votos a favor, 44 brancos e oito nulos.Após o anúncio dos resultados, foi aplaudido por deputados de todas as bancadas, enquanto a bancada do PS ovacionou-o de pé.