Mota Amaral e Jardim com reservas sobre uma Lei de Finanças comum a Açores e Madeira
23 de abr. de 2024, 10:04
— Lusa/AO Online
Numa conferência
realizada em Ponta Delgada designada "25 de Abril Sempre", os dois
históricos do PSD alertaram para os riscos de uma Lei de Finanças
Regionais das Regiões Autónomas comum para Açores e Madeira."Temos
de ter a força de falar grosso em Lisboa, mas atenção: outra coisa é a
especificidade de cada território. Sei que o senhor presidente do
Governo [dos Açores] tem coordenado com o presidente do Governo da
Madeira uma lei comum de finanças regionais. Eu tenho sempre muitas
dúvidas", advogou Alberto João Jardim, que liderou o executivo
madeirense entre 1978 a 2015.E
acrescentou: "Não sei se uma lei comum não acabará por prejudicar um e
outro. Tenho as minhas dúvidas, mas quem sou eu senão um militante
base". Também Mota Amaral (que liderou o Governo dos Açores entre 1976 a 1995) realçou as "identidades" de cada arquipélago."Disse
o Alberto João Jardim que o melhor seria fazer duas leis de finanças
regionais. Talvez. Alias, recordo-me de ter sintetizado essa noção. As
regiões autónomas são autónomas relativamente ao território continental
da República e são autónomas entre si. Isso é fundamental para que se
respeite a sua identidade própria e cada uma siga o seu caminho",
afirmou o também ex-presidente da Assembleia da República.Em
setembro de 2022, os líderes dos Governos Regionais dos Açores e
Madeira, os sociais-democratas Bolieiro e Miguel Albuquerque, anunciaram
que as regiões iriam apresentar uma proposta conjunta para a revisão da
Lei de Finanças Regionais. Em julho de
2023, os dois governos regionais estiveram reunidos com o advogado
Eduardo Paz Ferreira, encarregue de coordenar a nova proposta para uma
lei de financiamento das Regiões Autónomas.Na segunda-feira,
na sessão, os anteriores presidentes dos executivos da Madeira e Açores
revisitaram o contexto da implementação da autonomia política e os
desafios das regiões autónomas. Mota
Amaral destacou o "grande progresso económico e social" dos Açores ao
longo dos últimos 50 anos, um "grande salto qualitativo", apesar de
ainda existir "muito caminho a fazer"."O
desenvolvimento é o tal terceiro 'D' do 25 de Abril que não está ainda
realizado, nem nunca vai estar porque a sociedade vai sempre exigir
mais", assinalou, defendendo que a "autonomia é progressiva". Já
Alberto João Jardim insistiu na necessidade de um sistema fiscal
próprio para as regiões autónomas e considerou "normal existirem
tensões" entre os Governos Regionais e da República."Conseguiu-se
com a autonomia dar voz a populações tão distantes que estão a sofrer a
sua insularidade e que foram deixadas pelo Estado central num estado de
atraso económico, social e cultural", realçou.A
conferência "25 de Abril sempre" decorreu no Centro de Estudos Natália
Correia, na freguesia da Fajã de Baixo, e foi organizada pela Câmara de
Ponta Delgada a propósito dos 50 anos da revolução.