Mota Amaral diz que “centralismo não dorme” devido ao regime das atividades espaciais
22 de dez. de 2021, 12:09
— Lusa/AO Online
“O centralismo não
dorme, conforme se viu com este episódio do decreto sobre o espaço. Está
constantemente à espreita para nos atacar. (…). O centralismo está
sempre à espreita para nos pôr em mão em cima”, declarou Mota Amaral.O
antigo líder do PSD nos Açores falava no Palácio de Sant’Ana, sede
da Presidência do Governo Regional, em Ponta Delgada, na última edição
do Fórum Autonómico, um espaço de reflexão sobre a autonomia açoriana.A
15 de dezembro, a Lusa revelou que o Governo dos Açores emitiu parecer
desfavorável à aprovação do projeto de decreto-lei da República para o
regime das atividades espaciais, considerando que desrespeita o Estatuto
Político-Administrativo da região e viola a Constituição.No
dia seguinte, o parlamento dos Açores manifestou-se, por unanimidade,
“contra a aprovação” do regime jurídico das atividades espaciais
proposto pelo Governo da República, considerado um ataque à autonomia
regional e uma violação da Constituição.“O
interesse nacional tem de enquadrar os interesses regionais. Aquilo que
se afirmar como sendo interesse nacional e que esmaga o interesse
açoriano não é interesse nacional. É colonialismo sobre os Açores. Vamos
chamar as coisas pelos nomes”, disse hoje Mota Amaral.Na
intervenção, o social-democrata, que liderou o executivo açoriano
durante cinco mandatos – entre 1976 a 1995 -, considerou que a
“autonomia é a afirmação identitária do povo açoriano”.Referindo
o exemplo das várias regiões ultraperiféricas europeias, Mota Amaral
advogou que o “desenvolvimento das ilhas deve ser visto como uma questão
de direitos humanos”.“Os insulares devem
ter as ajudas necessárias para vencerem as dificuldades particulares que
têm para o seu desenvolvimento”, defendeu.O
antigo presidente do Governo dos Açores lembrou ainda o processo de
construção do regime autonómico, defendendo que na Assembleia
Constituinte em 1975 foi conseguida uma “autonomia ampla” para os
Açores, “mas longe daquilo que” o PSD de então pretendia.Na
ocasião, o atual presidente do executivo regional, José Manuel
Bolieiro, reforçou que a “autonomia não é uma dádiva” e apelou aos
açorianos para não se “conformarem com o adquirido autonómico”.“Nós
não podemos fazer da autonomia um isolamento e um afastamento da
decisão comunitária ou da decisão nacional. Temos de lá estar”,
acrescentou.Bolieiro disse ser necessário “elevar o interesse dos Açores” ao “interesse nacional e comunitário”.“Não há interesse nacional verdadeiro que não considere o interesse dos Açores no seu desenvolvimento”, assinalou.O
social-democrata enalteceu ainda o papel do Fórum Autonómico que levou
“temáticas de interesse para os a Açores, para o país e para a União
Europeia” a todas as ilhas açorianas, à exceção do Corvo.