Mota Amaral diz que a Europa passou de projeto “entusiasmante” a “oligarquia”

Europeias

28 de mar. de 2019, 10:08 — Lusa/AO Online

Mota Amaral declarou que combate de “forma determinante” a forma como a construção europeia se tem processado nos últimos anos, para salvaguardar que “não se vai por um bom caminho quando se dá por assente que a Europa tem que funcionar sob um diretório”.O antigo presidente do Governo dos Açores falava em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, no lançamento do seu mais recente livro, “Os Açores, Portugal e a União Europeia”.O social-democrata considerou que “existem muitos povos europeus e é nesta pluralidade que reside a sua grandeza”, devendo a Europa ser “construída com a participação de todos”, sem exclusão de partes.Para Mota Amaral, todos os Estados-membros “têm um contributo a dar” e “os Açores também”, algo que considerou que hoje “é reconhecido”, a par das outras regiões ultraperiféricas da UE.O antigo presidente da Assembleia da República, que é considerado o “pai” do conceito de ultraperiferia, consagrado no Tratado da União Europeia, disse que a caminhada europeia das ilhas “trouxe vantagens concretas e reais” para os seus habitantes.Mota Amaral recusou olhar para a integração das ilhas na UE como “os coitadinhos, que de mão estendida pedem ajuda”, assumindo-se estes espaços insulares como um “grande capital que valoriza o conjunto”.Segundo Mota Amaral para realizar a Europa nos Açores há que haver “regras adequadas e os meios necessários” para que as ilhas se “coloquem ao mesmo nível do conjunto europeu”.O fundador do PSD gostaria de ver os Açores como contribuinte líquido para a UE, em vez de beneficiário, mas reconheceu que isso não vai ser possível de alcançar nos próximos anos porque as regiões ultraperiféricas “têm de facto limitações estruturais invencíveis” impostas pela geografia, o que, adiantou, está reconhecido no Tratado da União.Um dos apresentadores do livro de Mota Amaral foi Jaime Gama, também ele natural dos Açores e antigo presidente do parlamento nacional, que destacou que Mota Amaral foi um ator ativo de vários momentos da construção europeia.Para o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, está-se perante um “pensamento independente” na forma como vê a construção europeia, um “interveniente sem interrupção”, que nunca abdicou das suas convicções.Referindo que o antigo presidente do Governo dos Açores esteve em todos os momentos de crise da UE, Jaime Gama - que destacou o papel de construção que desempenhou na plataforma das ilhas na Europa - lembrou, por outro lado, que foi esta figura que introduziu em Portugal o pensamento político do Presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy.