Moscovo considera declarações de Macron “absurdas” e adverte Israel
1 de fev. de 2023, 17:41
— Lusa
“É absurdo”, considerou em declarações aos ‘media’ a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.“O
Presidente francês está verdadeiramente seguro que as entregas de armas
pesadas, de aviões ao regime de Kiev (…) não conduzirão a uma escalada
da situação?”, acrescentou. “Recuso acreditar que esta seja a lógica de um homem adulto”, invetivou. A
diplomata foi interrogada em conferência de imprensa sobre as
declarações de Macron na segunda-feira sobre o eventual envio de novos
armamentos para Kiev, incluindo aviões de caça. O
Presidente francês sublinhou que cada decisão neste sentido deverá
responder a “critérios”, designadamente que “não signifique uma
escalada” e “sem a possibilidade de atingirem território russo”. “Por definição, nada está excluído”, acrescentou. A
França anunciou na terça-feira que vai fornecer à Ucrânia 12 canhões
Caesar, para além dos 18 canhões deste tipo já enviados, mas Paris
recusou até ao momento disponibilizar os seus carros de combate Leclerc.
Em paralelo, a porta-voz da diplomacia
russa advertiu Israel contra eventuais entregas de armas à Ucrânia, após
o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, indicar que vai
“examinar a questão”. “Em relação à
entrega de armas [à Ucrânia] não classificamos o país segundo a
geografia. Dizemos que todos os países que entregam armas devem
compreender que consideramos [as armas] como alvos legítimos para as
Forças Armadas russas”, disse Zakharova numa referência à possibilidade
de fornecimentos israelitas. A ofensiva
militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou
até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de
deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus –, de
acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de
refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945).Neste momento, 17,7 milhões de
ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de
ajuda alimentar e alojamento.A invasão
russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a
necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança
da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade
internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e
imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.A
ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.110 civis
mortos e 11.547 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém
dos reais.