A morte de Odair Moniz e os tumultos que se seguiram na
zona de Lisboa, assim como as polémicas no setor da saúde, marcaram o
ano que agora está prestes a terminar.Na madrugada de 21 de outubro,
Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora,
foi baleado por um agente da PSP no Bairro da Cova da Moura, no mesmo
concelho, e morreu pouco depois no Hospital São Francisco Xavier, em
Lisboa.Na altura, a ministra da Administração Interna determinou à
Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito “com
caráter de urgência”.Seguiram-se diversos tumultos na Área
Metropolitana de Lisboa, com o registo de vários atos de vandalismo
praticados por grupos de jovens, alguns deles adolescentes, que deixaram
em cinzas peças de mobiliário urbano, carros e autocarros.Esta situação levou vários especialistas a criticar a ação do Estado na promoção da qualidade de vida.Na
Saúde, os inquéritos ainda em curso sobre a morte de 11 pessoas,
alegadamente associadas a falhas no atendimento do Instituto Nacional de
Emergência Médica, marcaram ainda a agenda noticiosa.Também, a
aprovação, este mês, dos projetos de lei do Chega e do PSD e CDS-PP
sobre as condições de acesso de cidadãos estrangeiros não residentes ao
SNS gerou controvérsia. A proposta de lei do Chega altera a Lei de Bases
da Saúde de 2019 para limitar o acesso ao SNS a estrangeiros que não
residam em Portugal, só lhes permitindo aceder aos cuidados de saúde
públicos em casos de emergência ou mediante pagamento.O projeto de
lei apresentado pelo PSD e CDS-PP visa alterar a Lei de Bases da Saúde
para travar a “utilização abusiva” do Serviço Nacional de Saúde por
estrangeiros não residentes em Portugal, exigindo documentação adicional
a estes cidadãos.No mês de setembro, os incêndios florestais
consumiram, entre os dias 15 e 20, cerca de 135 mil hectares,
totalizando este ano uma área ardida em Portugal de quase 147 mil
hectares. Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em
consequência dos incêndios, que atingiram sobretudo as regiões Norte e
Centro de Portugal.Em agosto, um incêndio rural na ilha da Madeira
deflagrou nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se
progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e
Santana durante cerca de duas semanas.Também várias investigações marcaram o ano.Em
março, a Polícia Judiciária realizou 78 buscas na Operação Maestro, que
visou projetos cofinanciados por fundos comunitários e terá permitido
aos suspeitos ganhos ilícitos de quase 39 milhões de euros entre 2015 e
2023. O empresário Manuel Serrão e o jornalista Júlio Magalhães estão
entre os suspeitos.Na Madeira, investigações sobre suspeitas de
corrupção iniciadas em janeiro levaram à detenção de várias pessoas e
desencadearam a instabilidade política que se vive no arquipélago, que
foi a votos a 26 de maio.A 17 de dezembro, a Assembleia Legislativa
da Madeira aprovou, por maioria, a moção de censura apresentada pelo
Chega ao Governo Regional minoritário do PSD, liderado por Miguel
Albuquerque, o que implicou a queda do executivo.O ano que agora
termina fica ainda marcado pela aprovação, em maio, da construção do
novo aeroporto da região de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, com o
Governo a seguir a recomendação da Comissão Técnica Independente.