Mortalidade associada a consumo de drogas voltou a subir em Portugal em 2019
27 de jan. de 2021, 17:37
— Lusa/AO Online
O
documento foi analisado pelo diretor-geral do SICAD, João Goulão, e
pelo subdiretor, Manuel Cardoso, numa audiência por videoconferência na
Comissão de Saúde, da Assembleia da República, que, sem refletir ainda
os efeitos da pandemia de Covid-19 – por se reportar exclusivamente a
2019 -, evidenciou uma evolução negativa em alguns indicadores da
situação do país em matéria de drogas, toxicodependências e álcool.Em
2019 registaram-se 63 mortes por ‘overdose’, aos quais se somaram
outros 262 óbitos por outras causas de morte e que apresentaram
resultados toxicológicos positivos. O relatório evidencia ainda que as
‘overdoses’ de opiáceos duplicaram entre 2017 e 2018 e as de cocaína
subiram pelo terceiro ano consecutivo.Ao
nível dos consumos, estiveram em tratamento em ambulatório no ano em
análise 25.339 utentes com problemas associados ao consumo de drogas,
destacando-se o crescimento do número de novos utentes – 1.959 pessoas
em 2019 -, sendo a canábis a substância associada à maioria (53%) dos
pedidos de tratamento por novos utentes. Quanto a utentes readmitidos, o
total ascendeu a 1.512 em 2019, nos quais a heroína (54%) se assumia
como droga principal.De acordo com o
relatório, alguns parâmetros apontam ainda para “uma maior circulação de
drogas no mercado nacional numa conjuntura de grandes desafios, como o
crescente uso da Internet na comercialização de diversas substâncias
psicoativas, eventuais alterações ao nível da produção interna de
canábis e do papel do país nas rotas do tráfico internacional”.No
âmbito das contraordenações relacionadas com consumo de drogas, João
Goulão lembrou que foram abertos 9.353 processos de ocorrências, o que
traduz uma redução de 10% face a 2018. “O grande objetivo é reduzir a
disponibilidade de drogas no mercado. Têm sido desenvolvidos novos
sistemas de vigilância e fiscalização, com recurso a tecnologias
avançadas”, frisou o diretor-geral do SICAD.O
relatório evidencia ainda que as quantidades apreendidas de drogas em
2019 apontam para uma subida nas quantidades confiscadas de cocaína e de
canábis herbácea; em contraponto, houve uma diminuição de quantidades
apreendidas ao nível de ecstasy, heroína e haxixe.Já
em relação à situação de Portugal em matéria de álcool, em 2019
estiveram em tratamento em ambulatório 13.926 utentes com problemas
ligados ao consumo de álcool, ou seja, mais 4% face a 2018, sendo que o
número dos que iniciaram tratamento correspondeu a 4.597 (1.181
readmitidos e 3.416 novos utentes).Em
termos de internamentos hospitalares em 2019 nos quais o consumo de
álcool é responsável pelo diagnóstico principal, registaram-se 5.085
internamentos, essencialmente relacionados com doença alcoólica do
fígado (64%) e dependência de álcool (26%). No entanto, se forem
considerados os internamentos com diagnósticos secundários ligados ao
álcool, o número dispara para 36.667 internamentos.