Moreira da Silva responsabiliza Governo por proteção dos cidadãos e informações
Ucrânia
2 de mai. de 2022, 16:19
— Lusa/AO Online
"Eu não estou numa competição
para saber quem pede a demissão do presidente da câmara A, B, C ou D
primeiro, eu estou, isso sim, com um grande sentido de responsabilidade
primeiro para que Portugal faça aquilo que deve no apoio aos cidadãos
ucranianos, em segundo lugar que o apuramento de responsabilidades
daquilo que aconteceu em Setúbal seja feito de forma célere, doa a quem
doer", afirmou o social-democrata aos jornalistas.No
final de uma visita ao Centro de Atendimento do Serviço Jesuíta aos
Refugiados, em Lisboa, o antigo ministro do governo de Passos Coelho
recusou entrar "numa lógica de passa culpas, omitindo uma
responsabilidade que é do Estado, que só compete ao Estado e só compete
ao Governo, que é a proteção dos cidadãos, nomeadamente ao nível das
informações e de toda a matéria que faz parte da soberania nacional".“A
demissão é uma matéria que serve muitas vezes para encher as páginas
dos jornais. Eu estou a ir mais longe, eu quero um apuramento integral
de responsabilidades, não apenas na autarquia de Setúbal, mas de uma
forma mais abrangente ao nível do Governo, sabendo se o Governo fez
aquilo que devia para assegurar a proteção e a segurança dos cidadãos
ucranianos e dos cidadãos portugueses”, salientou.No
sábado, Jorge Moreira da Silva disse para não contarem com ele para
“partidarizar” a guerra na Ucrânia e classificou como "lamentáveis"
episódios como o acolhimento de refugiados ucranianos por alegados
simpatizantes de Putin. No dia seguinte, o seu opositor na corrida a
líder do PSD, Luís Montenegro, considerou no Twitter que "a oposição
perdoar a atitude do parceiro de Governo do PS para pretensamente 'não
politizar a guerra'" é ir "por mau caminho"."O
doutor Luís Montenegro está muito focado em fazer-me oposição e em
fazer oposição ao Partido Comunista, eu estou focado em proteger aquilo
que me parece ser o essencial, que são os refugiados que estão a fugir
da guerra, do conflito e da pobreza e em segundo lugar escrutinar o
Governo e fazer oposição ao Governo relativamente a responsabilidades
que são do Governo", afirmou hoje Moreira da Silva, quando confrontado
com esta posição.O candidato
social-democrata defendeu que o caso de Setúbal "é grave e tem que de
ser alvo de um integral, cabal e minucioso apuramento de
responsabilidades" e pediu que "se vá mais longe e que não se sofra de
uma certa miopia política concentrando numa câmara, apenas por ser do
Partido Comunista, um escrutínio que é mais abrangente".Salientando
que não é "normal que em Portugal instituições ou pessoas pró-Rússia
estejam a recolher informações de forma ilegal e ilícita, pondo em causa
a segurança dos cidadãos ucranianos", Moreira da Silva defendeu que
"compete ao Estado central e neste caso ao Governo dar todas as
garantias" de que "não existe risco algum de que entidades pró-russas
estejam a recolher informações que ponham em causa a segurança
nacional".E afirmou que "aparentemente o
Governo se limitou a aguardar uma troca de correspondência e um pedido
de inspeção ou de fiscalização para tomar decisões".Ainda
no que toca ao acolhimento de refugiados da Ucrânia, Moreira da Silva
sublinhou "a generosidade" dos portugueses mas defendeu que é preciso
"fazer mais", pedindo "melhor organização e melhor gestão".Assinalando
que ainda existem "refugiados da Síria, da Venezuela, de Moçambique,
que fugiram de Cabo Delgado, da Etiópia, do Afeganistão", pediu que
estas pessoas não sejam esquecidas e Portugal "não falhe às suas
responsabilidades" no apoio que necessitam.E
admitiu que "existe de facto uma diferença, não vale a pena escamotear,
existe uma generosidade maior neste momento face a outras crises
anteriores", mas espera que os apoios desenvolvidos para os cidadãos
ucranianos sejam "a bitola que vamos utilizar sempre que há uma crise
migratória".