Moradores do Faial regressam a casa e avaliam estragos do furacão
Furacão Lorenzo
3 de out. de 2019, 15:24
— Lusa/AO Online
Maria de
Jesus Neto, uma das moradoras daquela zona, contou à agência Lusa, ainda
com a voz embargada, como viveu os momentos em que a força da ondulação
lhe abriu a porta de casa sem pedir licença e inundou o rés-do-chão,
danificando mobílias e eletrodomésticos.“A
força da água foi tanta que nos pôs a porta dentro. Fui projetada para a
escada e estivemos com água dentro de casa até acima do joelho. A parte
de baixo da casa está toda destruída. As mobílias e os eletrodomésticos
estão praticamente despachados”, recorda Maria de Jesus, que nunca se
lembra de uma situação semelhante.Um pouco
mais à frente, o delegado no Faial da vice-presidência do Governo
Regional, Marco Goulart, também faz contas aos estragos provocados pelo
furacão, que danificaram os serviços da Inspeção Regional de Atividades
Económicas, obrigando a retirar tudo para a rua.“Foram
cerca de 60 a 70 cm, que são as marcas bem visíveis do mar, que entrou
dentro das salas. Todos os documentos físicos, à exceção dos
computadores e máquinas pessoais, que foram retiradas pelos
colaboradores, tudo o resto foi danificado”, explicou Marco Goulart.A
Rua do Castelo e a Rua Conde Ávila, na zona de Porto Pim, já foram
inundadas, várias vezes, devido a temporais, mas nunca com esta
intensidade.Pedro Afonso comprou casa
nesta zona da cidade, atraído pela beleza da baía de Porto Pim, mas já
na altura, precaveu-se, incluindo taipas nas suas portas.“O
pior que a gente pode fazer é não olhar para o passado e para o saber
acumulado. As pessoas aqui, muitas vezes, tinham já este tipo de taipais
porque, obviamente, passaram ciclicamente, por estas situações, e nós,
na altura, fizemo-lo logo”, justificou.Só que, os taipais serviriam de pouco em algumas casas, onde até o teto ficou danificado, com a força da ondulação.Apesar
do trabalho e de algumas lágrimas que ainda persistem, ninguém fala, no
entanto, em abandonar o lugar de Porto Pim, que hoje, com o mar calmo e
com o sol a raiar, voltou a mostrar porque razão continua a ser uma das
principais atrações turísticas do Faial.