Autor: Lusa / AO online
Após receberem cartas enviadas pela empresa Estradas de Portugal (EP) durante esta semana com avisos para desocuparem as casas até ao dia de hoje para se iniciarem os trabalhos, a indefinição quanto ao futuro e a angústia têm dominado os moradores deste bairro, que prometem lutar “até ao fim” para manter as suas habitações.
“O que mais me custa é que ninguém nos ouve, parece que as pessoas desapareceram. Vivo aqui há mais de 50 anos, os meus filhos nasceram aqui e o meu marido morreu aqui, o que vou fazer agora?”, contou à Lusa Zilda Soares da Albergaria, de 76 anos, uma das residentes que integrou a comissão de moradores que lutou contra a construção o primeiro projecto de construção deste troço da CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa).
O projecto envolve a demolição total de apenas algumas casas, ficando outras apenas sem algumas das suas divisões, como é o caso de Maria Alice Ribeiro, com 80 anos, que, dada a forte emoção, deixou a cargo da sua filha as explicações.
“Segunda-feira recebi uma carta da parte da tarde a dizer que tinha até esse mesmo dia para negociar a expropriação da casa. Mesmo assim enviei uma carta no dia seguinte para tentar encontrar uma solução, mas não obtive resposta”, explicou a filha, Teresa Barranco.
“Recebi um telefonema a avisar que queriam entrar em negociações comigo, para eu propor um valor para o acordo mas nem sequer me conseguiram dizer se já tinham projecto de execução”, disse.
No caso da residência desta moradora, apenas a casa-de-banho e a cozinha serão demolidas, mas não há espaço para a sua reconstrução, estando ainda previsto que a abertura do túnel para escoar os gases do trânsito seja realizada onde estas casas se encontram, com uma distância de poucos metros de separação.
“Disseram-me que a partir de dia 18 já cá estaria um empreiteiro para dar início às obras mas ainda não temos solução nenhuma”, disse à Lusa a residente do número 127.
João Salta, outro morador, explica que “ninguém se opõe à construção da CRIL”, afirmando que “apenas não se podem fazer as coisas desta maneira, com total desrespeito pelas pessoas”.
“Deram-me dez dias para libertar tudo o que tenho nos terrenos. Tenho um carro que não pode andar na rua, porque é de colecção e tenho animais. Apesar de lhes ter ligado, não tive resposta até agora, nem sequer me disseram a quanto espaço vai ficar o muro de separação”, explicou o habitante, condutor na Carris.
“Eu trabalho por turnos e muitas vezes chego tarde e só me deito por volta das 03:00/04:00 mas com o barulho agora vou ter de me levantar sempre cedo, não há hipótese” disse, garantindo ainda que não vai desistir de lutar e deixando uma certeza: “Eles têm de me dar uma solução para as coisas”.
Os moradores entregaram no passado mês de Julho uma petição com quatro mil assinaturas na Assembleia da República mostrando o seu total desacordo relativamente ao projecto.
O troço final da CRIL, que deverá ficar concluído até final de 2009, ligará o nó da Buraca ao da Pontinha e este à rotunda de Benfica, numa extensão aproximada de 4,5 quilómetros.
A adjudicação da obra, que será realizada pela construtora Bento Pedroso, fixou-se em cerca de 110 milhões de euros.
“O que mais me custa é que ninguém nos ouve, parece que as pessoas desapareceram. Vivo aqui há mais de 50 anos, os meus filhos nasceram aqui e o meu marido morreu aqui, o que vou fazer agora?”, contou à Lusa Zilda Soares da Albergaria, de 76 anos, uma das residentes que integrou a comissão de moradores que lutou contra a construção o primeiro projecto de construção deste troço da CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa).
O projecto envolve a demolição total de apenas algumas casas, ficando outras apenas sem algumas das suas divisões, como é o caso de Maria Alice Ribeiro, com 80 anos, que, dada a forte emoção, deixou a cargo da sua filha as explicações.
“Segunda-feira recebi uma carta da parte da tarde a dizer que tinha até esse mesmo dia para negociar a expropriação da casa. Mesmo assim enviei uma carta no dia seguinte para tentar encontrar uma solução, mas não obtive resposta”, explicou a filha, Teresa Barranco.
“Recebi um telefonema a avisar que queriam entrar em negociações comigo, para eu propor um valor para o acordo mas nem sequer me conseguiram dizer se já tinham projecto de execução”, disse.
No caso da residência desta moradora, apenas a casa-de-banho e a cozinha serão demolidas, mas não há espaço para a sua reconstrução, estando ainda previsto que a abertura do túnel para escoar os gases do trânsito seja realizada onde estas casas se encontram, com uma distância de poucos metros de separação.
“Disseram-me que a partir de dia 18 já cá estaria um empreiteiro para dar início às obras mas ainda não temos solução nenhuma”, disse à Lusa a residente do número 127.
João Salta, outro morador, explica que “ninguém se opõe à construção da CRIL”, afirmando que “apenas não se podem fazer as coisas desta maneira, com total desrespeito pelas pessoas”.
“Deram-me dez dias para libertar tudo o que tenho nos terrenos. Tenho um carro que não pode andar na rua, porque é de colecção e tenho animais. Apesar de lhes ter ligado, não tive resposta até agora, nem sequer me disseram a quanto espaço vai ficar o muro de separação”, explicou o habitante, condutor na Carris.
“Eu trabalho por turnos e muitas vezes chego tarde e só me deito por volta das 03:00/04:00 mas com o barulho agora vou ter de me levantar sempre cedo, não há hipótese” disse, garantindo ainda que não vai desistir de lutar e deixando uma certeza: “Eles têm de me dar uma solução para as coisas”.
Os moradores entregaram no passado mês de Julho uma petição com quatro mil assinaturas na Assembleia da República mostrando o seu total desacordo relativamente ao projecto.
O troço final da CRIL, que deverá ficar concluído até final de 2009, ligará o nó da Buraca ao da Pontinha e este à rotunda de Benfica, numa extensão aproximada de 4,5 quilómetros.
A adjudicação da obra, que será realizada pela construtora Bento Pedroso, fixou-se em cerca de 110 milhões de euros.