Montenegro recusa que Governo seja intransigente e espera "normalidade possível"
Greve geral
10 de dez. de 2025, 16:21
— Lusa/AO Online
“É mesmo
mentira que o Governo seja intransigente no que quer que seja. O Governo
não é nada intransigente. O Governo respeita o direito à greve. O
Governo governa e, portanto, tem as suas opções e tem direito a
defendê-las e executá-las. E concerta-as com os parceiros sociais, com
os partidos políticos na Assembleia da República e, sobretudo,
concerta-as com o povo português”, disse Luís Montenegro.Em
declarações aos jornalistas, à margem de uma cerimónia dedicada à
atribuição de equipamento de prevenção de incêndios rurais e gestão
florestal que decorreu em Baião, no distrito do Porto, Montenegro disse
não querer falar mais que sobre a greve geral marcada para quinta-feira,
garantindo apenas que não houve falta de diálogo.“O
Governo tem sido um governo de diálogo, um governo de concertação. Mas é
um governo que tem um espírito reformista e transformador e não vai
desistir de ser reformista e transformador”, referiu.“Espero
que o país funcione com a normalidade possível face a uma greve geral
no dia de amanhã. Que todos aqueles que querem trabalhar possam
trabalhar, que todos aqueles que têm outras tarefas para realizar, sejam
os alunos que querem ir para a escola a aprender, os portugueses que
têm cuidados de saúde e tratamentos agendados que os possam realizar,
aqueles que têm outras interações com a administração, aqueles que têm
todas as suas vidas profissionais e sociais organizadas, as possam
realizar, porque os direitos de uns não devem obstar e obstaculizar os
direitos dos outros”, disse Luís Montenegro.Recusando
falar mais sobre esta greve geral, o primeiro-ministro frisou a
convicção de que Portugal é um país “onde há estabilidade política,
estabilidade económica e financeira”, algo que, disse, “aliás é não só
sentida no dia a dia das famílias e dos portugueses, como é reconhecida a
nível internacional”.“Nós somos um país
onde, tradicionalmente, independentemente das nossas divergências, nos
respeitamos. Não vale a pena andar com esse jogo, uma sondagem aqui ou
amanhã vamos andar seguramente com números aqui ou lá. Portugal é um
país onde os rendimentos estão a crescer, onde os jovens têm mais
oportunidades hoje do que tinham há uns anos, onde as perspetivas de
investimento são elevadas, onde a credibilidade e a reputação são
elevadas”, disse.Considerando que Portugal
está “no topo da Europa e do mundo”, algo que afirma, descreve, “com
tranquilidade, não com soberba, nem com euforia”, o primeiro-ministro
insistiu na ideia de que “Portugal é hoje um país com uma elevadíssima
reputação e credibilidade na Europa e no mundo e deve aproveitá-la”.“Sou
o primeiro-ministro com o objetivo e uma vontade inquebrantável de
deixar o país melhor do que aquilo que encontrei. Não vou desistir de
ter um país com a ambição de estar na frente, de estar na vanguarda da
Europa e de lutar por aquilo em que acredito para que isso possa ser
possível”, concluiu. A greve geral de
quinta-feira contra o anteprojeto do Governo de reforma da legislação
laboral será a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais,
CGTP e UGT, desde junho de 2013, altura em que Portugal estava sob
intervenção da 'troika'.As alterações
previstas na proposta do Governo de reforma da legislação laboral visam
várias áreas, como a parentalidade, despedimentos, alargamento dos
prazos dos contratos e setores que passam a estar abrangidos por
serviços mínimos em caso de greve.A
paralisação pode afetar vários setores da saúde aos transportes,
educação, comunicação social, recolha de resíduos e repartições
públicas, e entre outros.