Montenegro diz a Costa que “está na hora de responder” a perguntas do PSD
22 de dez. de 2022, 12:12
— Lusa/AO Online
No
jantar de Natal do Grupo Parlamentar do PSD, Luís Montenegro recordou
que os sociais-democratas colocaram, a 23 de novembro, 12 “perguntas
diretas” ao primeiro-ministro sobre as acusações do ex-governador do
Banco de Portugal, Carlos Costa, até agora sem resposta.“Eu
quero perguntar porquê senhor primeiro-ministro? Então afinal não se
passava nada, não tinha tudo falta de sustentação, não era tudo
atentatório da honra? Então era fácil de responder, está na hora de
responder. Não responde porque é este o padrão deste governo”, desafiou.
Sobre este requerimento – que tem um prazo indicativo de resposta de 30
dias pelo Regimento do parlamento -, Montenegro insistiu que o PSD não
quer saber de questões pessoais entre Carlos Costa e António Costa, que
os tribunais poderão decidir, mas se existiu ou não uma intromissão do
primeiro-ministro no funcionamento do Banco de Portugal e também
clarificar o processo que conduziu à resolução do Banif.O
líder do PSD retomou a acusação a António Costa de se comportar como o
novo “dono disto tudo” e ao Governo de adotar “uma pose majestática,
imperial, de quem tem a maioria absoluta” no parlamento, nas câmaras,
nas juntas de freguesia e no Parlamento Europeu.Montenegro
contabilizou em 20 o número de governantes que o PS já impediu de
prestar esclarecimentos no parlamento e afirmou que, quando ele era
líder parlamentar de um Governo de maioria absoluta PSD/CDS-PP, foram
“muito poucas as vezes” que o partido votou contra a audição parlamentar
de ministros.“Agora baldam-se ao esclarecimento, é um governo que não merece a maioria que tem”, considerou.Numa
longa intervenção, Luís Montenegro retomou ainda as críticas à
entrevista que o primeiro-ministro deu na semana passada à revista
Visão, questionando qual o significado do ‘recado’ que deixou aos
partidos da oposição para que se habituassem a quatro anos de governação
do PS.“O primeiro-ministro está-nos a
dizer o óbvio ou está a dizer para nos habituarmos ao que o Governo faz?
O país está a empobrecer, habituem-se, há falta de médicos de família,
habituem-se, faltam professores nas escolas, habituem-se”, criticou,
dizendo que o PSD “não se quer habituar a um país nivelado por baixo”.“Quem
está mal habituado é o primeiro-minsistro, se tem essa conceção de que é
uma espécie de novo 'dono disto tudo' [expressão muito utilizada no
passado para designar o ex-banqueiro Ricardo Salgado]. Tem de se
habituar à nossa oposição cada vez mais firme e exigente”, avisou.No
jantar, Montenegro deixou elogios à prestação “serena e tranquila” do
líder parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento, e pela forma como lida como
“77 vontades”, dizendo saber por experiência própria que não é "tarefa
fácil", sobretudo sendo um deputado estreante.“Alguns
acusam a direção do grupo parlamentar de estar demasiado ligada à
direção do partido, que bela acusação, ainda bem que é assim”, ironizou,
acrescentando que o PSD não está disponível “para teatro parlamentar”.Como
objetivo para 2026, Montenegro traçou a meta de passar dos atuais 77
deputados da bancada social-democrata para “pelo menos 117”.“É
esse o nosso objetivo, não estamos aqui para passar o tempo”,
assegurou, dizendo “aos que se entretêm a escrever e a falar” que o PSD
“sabe muito bem o que está a fazer” para alcançar essa meta.Aos
deputados, pediu que não se deixem intimidar pela maioria absoluta do
PS e deixou desafios em duas áreas: que mostrem como a revisão
constitucional é importante para a vida das pessoas e uma maior atenção
para os temas de desigualdade de género.O
jantar, que além de deputados juntou muitos dirigentes nacionais e
distritais do partido, decorreu em tom natalício com um grupo coral de
cante alentejano no final e troca de presentes no início: Miranda
Sarmento deu uma réplica da chave do Palácio de São Bento a Montenegro, e
o líder do PSD retribuiu com suportes para livros.Todos
os participantes tiveram direito a um presente de Natal: duas conservas
– uma de atum e outra de sardinhas –, que o líder parlamentar
justificou como um apoio à indústria portuguesa conserveira, num momento
“em que muitos portugueses passam dificuldades”.“Em
vez de gastarmos tanto numa lembrança, decidimos que o grupo
parlamentar atribuirá por cada deputado e funcionário um valor de 15
euros a dividir por duas instituições nacionais: o Banco Alimentar
contra Fome e a Liga portuguesa contra o cancro”, explicou Miranda
Sarmento.