Montenegro apresenta programa para combater a burocracia digital nos serviços públicos
16 de jul. de 2024, 14:30
— Lusa/AO Online
Estes objetivos do Governo foram
transmitidos por Luís Montenegro no final de um Conselho de Ministros
extraordinário dedicado à transição digital e à modernização
administrativa, que se realizou no Instituto de Desenvolvimento de Novas
Tecnologias da Universidade Nova, no concelho de Almada.Perante
os jornalistas, o primeiro-ministro advertiu que o país corre alguns
riscos em termos de funcionamento da máquina do Estado, já que ao longo
dos últimos anos se foi criando uma nova burocracia digital.“Em
muitas das áreas em que se procurou simplificar procedimentos, tivemos
afinal maiores dificuldades de acesso na sua relação com a administração
pública”, assinalou, antes de assumir como metas do seu executivo uma
maior interligação entre os diferentes departamentos da administração
pública, a uniformização e simplificação de procedimentos face a
cidadãos e empresas, assim como o apoio a quem ter maiores dificuldades
de interagir com as novas tecnologias.“Temos
de possuir maiores níveis de inclusão, visando que todos os cidadão
possam usufruir dos processos digitais e que isso lhes facilite a vida
no sentido que proporcione ganhos de eficiência e não a multiplicação de
interações necessárias com a administração pública. Uma das coisas que
mais confunde os cidadãos e as empresas é serem forçados permanentemente
a fornecer à administração pública as mesmas informações e os mesmos
documentos. E, ainda para mais, essas informações e esses documentos já
estão na posse da própria administração”, observou.O
primeiro-ministro referiu que essa realidade, “infelizmente, é muito
transversal na sociedade portuguesa, da agricultura à educação, ou da
identificação civil à identificação patrimonial”.“Temos muitas queixas de cidadãos e de empresas que perdem demasiado tempo”, criticou.Perante
os jornalistas, Luís Montenegro também procurou antecipar reações
críticas que vão surgir após a sua ministra da Juventude e da
Modernização, Margarida Balseiro Lopes, apresentar em detalhe as medidas
base do programa para o digital.No plano
político-partidário, de acordo com o líder do executivo, alguns “vão
dizer que o que foi anunciado já foi referenciado, ou que se trata de
medidas pré-anunciadas”.“Mas, para todos os efeitos, o que foi anunciado e não foi feito não existe”, contrapôs, antes de deixar novo aviso.“As
medidas por nós anunciadas não se esgotam com a contemplação do seu
conteúdo. São compromissos que se materializam em evoluções concretas. A
nossa pretensão não é estar daqui a um ano a apresentar o mesmo
powerpoint com uma cor diferente e com uma ou outra palavrinha
diferente”, disse.A intenção, assegurou
Luís Montenegro, é que o powerpoint seguinte contenha “os resultados das
medidas agora tomadas e, porventura, medidas novas”.“Estamos muito comprometidos com as decisões que tomámos e uma delas é monitorizar a sua aplicação”, adiantou.Ao
longo da próxima legislatura, o Governo promete “facilitar a vida aos
cidadãos que usam ferramentas digitais, mas também ajudar aqueles que
podem ter um auxílio para não ficarem de fora”.“Os
novos Espaços do Cidadão, agora lançados em quantidade, serão a
oportunidade de muitos cidadãos menos dados a interagir do ponto de
vista digital poderem ter alguém que os introduza no sistema. As nossas
medidas surgem na base de uma articulação interministerial e entre
setores da administração pública. A administração pública tem o dever de
comunicar mais e melhor entre si, não pode funcionar em compartimentos
estanques”, acentuou Luís Montenegro.Ainda
segundo o primeiro-ministro, o executivo quer que os cidadãos e
organizações “tenham uma porta de entrada única na sua relação com a
administração pública”, tendo em vista que existam depois procedimentos
“o mais uniformizados possível”.“Não
podemos manter uma lógica de diferentes caminhos digitais a percorrer.
Queremos uniformizar para que seja mais fácil e mais acessível a
relação, mas também queremos que os serviços prestados ao cidadão sejam
mais eficientes. É também importante conferir a todas as áreas da
administração o acesso ao histórico do registo de interações da pessoa
ou instituição, evitando-se assim a repetição de pedidos de
informações”, acrescentou.