Montenegro acusa Rio de ter tido “medo” de convocar diretas
14 de jan. de 2019, 17:03
— Lusa/AO Online
“Lamento
que o doutor Rui Rio não tenha tido coragem de marcar diretas no PSD.
Lamento que o doutor Rui Rio tenha tido medo de ouvir a voz dos
militantes”, criticou Montenegro, no final de uma audiência de cerca de
35 minutos com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.Questionado
sobre o Conselho Nacional extraordinário, marcado para quinta-feira,
que irá votar a moção de confiança à direção apresentada por Rui Rio,
Luís Montenegro fez questão de dizer que essa reunião não “é a sua
praia” nesta discussão, uma vez que se propôs a ir a votos em diretas.“Se algum órgão vier a decidir a realização de eleições diretas no PSD, eu sou candidato, obviamente”, assegurou.Luís
Montenegro revelou que tinha pedido esta audiência a Marcelo Rebelo de
Sousa ainda antes da declaração que fez na sexta-feira - na qual
anunciou a disponibilidade para se candidatar à liderança e desafiou Rio
a convocar diretas -, mas que hoje foi possível realizar o encontro no
qual trocaram “impressões sobre o maior partido português”, que o atual
chefe de Estado já liderou.Para
o antigo líder parlamentar do PSD, “uma verdadeira clarificação” no
partido só teria “efeito pleno com a pronúncia de todos os militantes”.“Digo
mesmo, que conhecendo as bases do PSD, os militantes do PSD gostariam
de ter tido a oportunidade de se pronunciarem sobre a estratégia e
liderança política nesta altura”, afirmou.Questionado
se poderá apresentar – através dos seus apoiantes - ao Conselho
Nacional algum pedido imediato de marcação de diretas, Montenegro fez
questão de, por várias vezes, se distanciar da opção por recorrer a esse
órgão para a clarificação no PSD. “Nunca
esteve nos meus propósitos nem moções de censura nem moções de
confiança. A opção de ouvir o Conselho Nacional é única e exclusivamente
do doutor Rui Rio, a minha sempre foi ouvir os militantes”, referiu.Montenegro
respondeu ainda aos que criticam o ‘timing’ do seu avanço, a meses de
eleições, salientando, em primeiro lugar, que a estratégia de Rui Rio já
completou um ano.“Tem um resultado, que na minha opinião e de muitos militantes do PSD é um resultado mau”, criticou.Por
outro lado, acrescentou, fazer a clarificação agora permitiria “fazê-lo
em tempo de o PSD poder inverter a situação e apresentar-se a eleições
reforçadas”.Aos
que relacionam a sua disponibilidade, agora, com a necessidade de
assegurar lugares nas listas de deputados aos seus apoiantes, Montenegro
respondeu que “é um absurdo”, salientando que ele próprio deixou o seu
lugar na Assembleia da República em abril do ano passado.“Se
fôssemos por esse caminho, que não é o meu, haverá seguramente alguns
apoiantes do meu lado que possam ter essa preocupação e há muitos mais
do lado do doutor Rui Rio que também têm como preocupação preencher
esses lugares”, referiu.Para
o antigo deputado, a responsabilidade de um eventual desaire eleitoral
no PSD nos próximos atos eleitorais “só pode ser assacada a quem conduz a
estratégia do partido” e considerou que a sua atitude pode até ter um
efeito positivo.“O
doutor Rui Rio teve medo, não teve coragem e não marcou eleições
diretas, mas sei uma coisa: a partir deste momento vamos ver um
seguramente PSD mais ativo e mais focado em fazer aquilo que o país
precisa – ser uma alternativa ao PS e ao Governo”, considerou.A
reunião do Conselho Nacional extraordinário do PSD para submeter à
votação a moção de confiança do presidente Rui Rio realiza-se na
quinta-feira, no Porto, às 17.00, disse hoje à Lusa o presidente deste
órgão, Paulo Mota Pinto.O
Conselho Nacional extraordinário do PSD reúne-se num hotel do Porto
tendo como único ponto na ordem de trabalhos a apreciação e votação, nos
termos do artigo 68.º dos estatutos, de moção de confiança à comissão
política nacional do PSD.O
artigo 68.º dos estatutos do PSD determina que “as moções de confiança
são apresentadas pelas Comissões Políticas e a sua rejeição implica a
demissão do órgão apresentante”.