Monitorização do vulcão de Santa Bárbara nos Açores reforçada com duas estações GNSS
25 de set. de 2023, 16:38
— Lusa
“Se um
sistema vulcânico ou um vulcão começar a sofrer alterações, nomeadamente
com a subida de magma mais a níveis superficiais, nós não conseguimos
ver a olho nu, mas o vulcão vai sofrer variações de volume e estes
equipamentos são estações muito sensíveis, com rigor milimétrico, que
conseguem detetar estas variações de volume do vulcão”, explicou, em
declarações aos jornalistas, a investigadora do Centro de Informação e
Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) Rita Carmo.Desde
24 de junho de 2022 que a atividade sísmica no vulcão de Santa Bárbara,
na ilha Terceira, se encontra “acima dos valores normais de
referência”, com o nível de alerta científico V2 (possível reativação do
sistema – sinais de atividade moderada).Em
maio, o então presidente do CIVISA, Rui Marques, alertava para a
“necessidade de se reforçar alguns tipos de monitorização, na ilha
Terceira, nomeadamente aquela que tem que ver com a deformação geodésica
através da colocação de mais estações GNSS”.A
Câmara Municipal de Angra do Heroísmo adquiriu agora duas estações
GNSS, que foram instaladas nas freguesias dos Altares e da Serreta, num
investimento de cerca de 70 mil euros.“Perante
a insuficiência da rede existente, o município achou que devia dar o
seu contributo e adquirir estas estações que ficam no nosso património,
instaladas nas nossas instalações, e que permitem garantir não apenas a
este episódio em particular, mas em termos futuros, uma monitorização
adequada do nosso território”, adiantou o presidente do município, Álamo
Meneses.A autarquia adquiriu ainda um
drone com capacidade de leitura de infravermelhos, “que permite detetar
pessoas, mas também detetar qualquer alteração na temperatura, quer do
solo, quer das águas, o que tem vindo a ser testado”. Rita
Carmo admitiu que a rede de estações GNSS do CIVISA não é “suficiente”,
salientando que estas duas estações vêm reforçar a capacidade de
monitorização da ilha Terceira e do vulcão de Santa Bárbara.“O
CIVISA tem estado subfinanciado já há alguns anos. É uma realidade que é
já conhecida. Tentamos ter algumas estações em torno de alguns sistemas
vulcânicos. As estações que nós temos não são em número suficiente para
podermos ter uma boa qualidade de rede de monitorização e temos vários
sistemas vulcânicos ativos”, apontou.Quando
há uma crise sísmica, como aconteceu recentemente, primeiro na ilha de
São Jorge e depois na ilha Terceira, os meios disponíveis são deslocados
para esses locais.“Muitas vezes quando
temos estes episódios de incremento de atividade, temos de ir buscar
estações que estão a monitorizar outros locais e tentar colmatar o mal
nesta zona”, explicou a investigadora.Com
estas duas novas estações, o CIVISA fica com os meios adequados para
monitorizar a deformação de terrenos na zona do vulcão de Santa Bárbara.“Normalmente,
para monitorizar bem um vulcão temos de ter quatro estações GNSS em
torno do vulcão. Com estas duas estações estamos a conseguir isso”,
frisou Rita Carmo.