Moedas quer rever Plano Diretor de Lisboa para impedir impermeabilização de partes da cidade
Mau tempo
6 de jan. de 2023, 12:10
— Lusa/AO Online
“Não
temos aqui nenhuma solução milagre, de um dia para o outro. Gostava de
ter, mas não tenho, não há uma solução milagre. Agora, há uma solução e
essa solução já devia ter sido feita há muitos anos. Não foi, vamos
fazê-la agora”, declarou Carlos Moedas, referindo-se ao Plano Geral de
Drenagem de Lisboa (PGDL).As obras do PGDL
arrancaram em setembro de 2022, na zona de Campolide, onde se prevê que
em março deste ano se inicie a construção do túnel de drenagem que irá
até Santa Apolónia, com uma extensão de cerca de cinco quilómetros.“Falo
muito dos túneis de drenagem, um entre Campolide e Santa Apolónia e
outro entre Chelas e Beato, mas nós estamos, por exemplo, a realizar um
coletor de dois metros de diâmetro em Sete Rios, neste momento, que faz
parte do plano”, apontou o autarca, referindo que, tal como o nome
indica, Sete Rios “é uma zona de grande perigo” ao nível da ocorrência
de inundações.O PGDL prevê “muitos
túneis”, indicou ainda o presidente da câmara, referindo que o túnel de
Sete Rios vai levar as águas, depois, para o túnel grande que será
construído.“Tudo isto é um sistema que
está a ser construído na cidade, que será o maior sistema de drenagem,
único, diria até na Europa, em relação àquilo que vamos ter: uma cidade
totalmente preparada. E, muitas vezes, falámos nas alterações climáticas
e na dificuldade que vamos ter no futuro, mas, depois, é preciso ter
coragem para fazer estas obras, obras profundas e estruturais”, afirmou
Carlos Moedas.Neste âmbito, o autarca
assegurou que “Lisboa, até 2025, vai ficar preparada para o futuro como
poucas cidades estão neste momento”.Uma
das preocupações tem que ver com o Plano Diretor Municipal, porque
permite “construção em zonas que deveriam estar impermeabilizadas”,
indicou o social-democrata, assegurando que irá ter “o maior cuidado
para que isso não aconteça”.“Estamos a
olhar para o futuro e a preparar a cidade, em todos os seus aspetos. De
não continuar a impermeabilizar partes da cidade, que hoje muitas delas
são autorizadas até pelo próprio Plano Diretor Municipal […]. Fazer a
revisão desse Plano Diretor Municipal, mas em minoria na câmara também
não é fácil, mas vamos tratar e vamos conseguir”, apontou.Considerando
que a resolução do problema das cheias “tem muitas facetas”, assim como
o combate às alterações climáticas, Carlos Moedas realçou a construção
de um reservatório 17.000 metros cúbicos de água em Campolide, “para
aproveitar as águas das chuvas, para poder, por exemplo, lavar as ruas e
regar os jardins, em vez de estar a gastar água potável”.“Tudo
isto é um grande sistema de luta climática, em que muitas vezes se
fala, e muitos políticos falam à boca cheia sobre as alterações
climáticas, eu falo como engenheiro hidráulico”, frisou o autarca,
ex-comissário europeu para a Investigação, Inovação e Ciência, referindo
que se trata de “obras que são invisíveis às pessoas, mas são
cruciais”.Sem se comprometer com datas
para a conclusão da construção dos dois túneis de drenagem, porque pode
existir “atrasos de obra”, Carlos Moedas comprometeu-se a visitar os
estaleiros e contactar com os engenheiros “pelo menos uma vez por mês”,
para acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos.“Temos
de estar com as mãos na massa e estar com as mãos na massa é estar
todos os meses a ver onde é que está a obra para não só empurrar, para
pôr pressão, mas também animar as equipas, porque são trabalhos muito
duros e há muitas empresas envolvidas”, acrescentou.As
inundações registadas em dezembro na cidade de Lisboa, que provocaram
49 milhões de euros de prejuízos, voltaram a trazer ao de cima a
importância da concretização do plano de drenagem, com Carlos Moedas a
prometer a construção dos dois túneis até 2025 (orçados em cerca de 130
milhões de euros), considerando que, se a empreitada já tivesse feita,
as situações de cheias registadas não teriam acontecido.