Moção de Rio quer “Governar Portugal ao Centro” e “sem linhas vermelhas”
PSD/Congresso
16 de dez. de 2021, 16:18
— Lusa/AO Online
A
moção, intitulada “Governar Portugal ao Centro”, foi divulgada no final
de novembro no âmbito da campanha interna para as eleições diretas para
presidente do PSD e será votada no sábado do 39.º Congresso do PSD, que
decorre em Santa Maria da Feira (Aveiro). “O
PSD está em condições de governar Portugal. Saibamos recuperar a
confiança dos portugueses através das nossas propostas e de uma
liderança responsável, credível e mobilizadora”, refere o texto de 18
páginas, que atualiza a moção de Rio de há dois anos, citando-a em
várias passagens.Na
moção, Rio - que tem admitido ser desejável um entendimento com o PS
para a viabilização de eventuais governos minoritários que saiam das
legislativas - defende que “importa construir uma nova maioria sem
linhas vermelhas, assente no diálogo e no compromisso, à esquerda ou à
direita, cujo único limite será a da moderação, do respeito pelas
instituições constitucionais e a do superior interesse nacional”.O
texto começa por fazer um balanço dos resultados do último mandato de
Rio, apontando a vitória nas regionais da Madeira, a solução que
presidiu ao PSD presidir ao Governo dos Açores, o apoio a Marcelo Rebelo
de Sousa para Belém e o resultado “politicamente vitorioso” nas
autárquicas de setembro.Sobre
o futuro próximo, defende-se que as próximas eleições legislativas de
30 de janeiro são “uma oportunidade de quebrar o ciclo de hegemonia do
Partido Socialista e dos partidos à sua esquerda”, mas recorda os vários
riscos de contexto, como a crise pandémica, económica e social, e a
situação de incerteza que se vive na economia internacional.“As
próximas eleições decidir-se-ão ao centro do espetro
político-partidário. É esse centro político que determinará qual das
opções vingará: ou a continuidade das políticas de esquerda que têm
conduzido ao empobrecimento relativo do nosso país face aos nossos
parceiros europeus, ou a mudança para uma política de libertação da
economia e da sociedade portuguesas”, refere.No
capítulo “Uma Nova Cultura Política para uma Agenda Reformista”, a
moção de Rio considera que os seis anos de governação socialista
agravaram os bloqueios do país.“Débil
crescimento económico e endividamento insustentável, degradação do
sistema político, recessão demográfica, falta de autoridade e eficiência
da ação pública da Administração e do Estado. Só o PSD tem uma agenda
reformista que responde a esses bloqueios”, refere a moção.No
entanto, Rio adverte que a “nova cultura política” capaz de fazer essas
reformas tem de enfrentar algumas “adversidades e resistências” e
enfatiza um argumento que utilizou repetidas vezes na campanha interna.“Não
é pelo facto de elevarmos mais a voz que passamos a ter maior razão. A
‘política espetáculo’ não pode ter lugar num partido que aspira a
governar Portugal. Se o fizermos, arriscamo-nos a ser iguais aos que no
atual Governo fazem da comunicação o principal instrumento de
manipulação dos cidadãos através dos media. Também neste particular
domínio o PSD tem de fazer a diferença”, defende.Na
sua moção, o atual presidente do PSD faz o retrato dos principais
bloqueios que considera afetarem o país - como o fraco crescimento
económico, a demografia ou a degradação dos serviços públicos, entre
outros -, apontando o programa eleitoral apresentado pelo partido em
2019 como “um guia das reformas e das medidas” que propõe para o país.No
texto, faz-se ainda uma reflexão sobre “as lições das experiências
eleitorais”, identificando-se “três grandes alterações na base eleitoral
do PSD” nos últimos dez anos.A
perda significativa do eleitorado sénior (principalmente pensionistas e
reformados, “eleitorado que é hoje o principal suporte do Partido
Socialista”), redução da implantação eleitoral do partido nos principais
centros urbanos e, pela positiva, um aumento de peso do PSD “junto do
eleitorado mais jovem e dos ativos com médias e altas qualificações”.“Os
primeiros sinais de inversão desta tendência registaram-se nas eleições
legislativas de 2019 e confirmaram-se nas eleições autárquicas de 2021
(…) Entretanto, falta-nos reforçar a nossa implantação junto do
eleitorado mais idoso. Existe, agora, um potencial de crescimento que
não pode ser desprezado nem desperdiçado. Saibamos concretizá-lo nas
próximas eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022”, apela.