MNE Santos Silva denuncia "falsidades” em torno da situação na base das Lajes
13 de mar. de 2019, 10:55
— Lusa/AO Online
“Não é
apenas dissipar dúvidas, é de contrariarmos nós ativamente as campanhas
de desinformação que infelizmente tomaram já no ano passado em
particular, a base das Lajes, e, portanto, Portugal como o seu alvo. É
muito importante que sejamos claros e persistentes a contrariar
alegações que não têm nenhuma espécie de fundamento científico e
técnico”, referiu Augusto Santos Silva.O
ministro falava no decurso de uma audição perante a Comissão de Negócios
Estrangeiros e Comunidades Portugueses sobre a 40.ª reunião da Comissão
bilateral permanente entre os EUA e Portugal. O
governante referia-se ao processo de descontaminação ambiental, após as
revelações de contaminações nos solos provocadas pelas atividades
militares na base norte-americana das Lajes, na Ilha Terceira,
arquipélago dos Açores. “Não é verdade que
hajam incidências de doenças oncológicas na ilha Terceira superiores à
média açoriana é falso, por mais que as televisões e os jornais o
repitam, é falso. É absolutamente essencial dizer que é falso”,
assegurou no início na audição, a requerimento do grupo parlamentar do
PSD.“Não é verdade que essa monitorização
esteja a ser assegurado por organismos que não tenham a competência
técnica para o efeito. Não é verdade que hajam no fundo do mar dos
Açores índices de radioatividade que sejam superiores aos normais em
ilhas vulcânicas”, insistiu. Em tom veemente, Augusto Santos Silva exortou a denúncia do que definiu como falsidades. “Tudo
isto é falso e nós não devemos ser eco destas falsidades. Devemos ser
agentes contrários a estas falsidades. Se estamos todos envolvidos numa
tarefa de defender a nossa democracia, e neste caso também a nossa
aliança com os Estados Unidos face às ‘fake news’, temos aqui um bom
exemplo para mostrar que estamos empenhados nisso”, salientou. Numa
referência à situação do dossiê da descontaminação ambiental, o
ministro disse que em 2016 o Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC) examinou 41 sítios, que 23 não apresentavam nenhum problema, que
dos restantes 18 foram fechados dois, por desativação dos respetivos
‘pipelines’, e seis também fechados, “com a respetiva descontaminação
reconhecida pelas duas partes na comissão bilateral permanente de
dezembro”. Revelou ainda existirem “dez
sítios que permanecem em análise, e desses dez há vários em que o LNEC
precede a levantamentos e estudos, que deverão ser apresentados em
abril”. Santos Silva também precisou que “todas as infrações à lei
aplicável serão tidas em conta no trabalho que temos em curso com os
norte-americanos”. A situação na
Venezuela, o 'Brexit', as celebrações dos 500 anos da primeira viagem
marítima de circum-navegação e um balanço do relacionamento com os
países de língua portuguesa foram outros temas abordados pelo ministro,
que respondeu às perguntas dos representantes dos partidos representados
na Comissão, e onde também esteve presente o secretário de Estado das
comunidades portuguesas, José Luís Carneiro. Numa
referência à situação na Venezuela, Augusto Santos silva reconheceu
“uma situação cada vez mais difícil no terreno, do ponto de vista
económico, social, do ponto de vista do funcionamento das
infraestruturas básicas, e consequentemente do ponto de vista
humanitário”. Neste contexto, destacou
três planos de ação política, a nível europeu, do grupo de contacto
internacional e em termos nacionais. “No
plano europeu a União Europeia está unida a 28 nas duas orientações
fundamentais, a primeira entender que a única solução política pacífica
para o impasse que se vive na Venezuela é a realização de novas eleições
presidenciais no mais curto prazo de tempo possível”, disse. “E
entender”, prosseguiu, “que a única instituição capaz de proceder à
respetiva convocatória e realização em condições que possam ser
consideradas livres e justas, é a Assembleia nacional e o seu
presidente, que para esse efeito 23 países europeus, entre os quais
Portugal, reconheceram como o Presidente interino, autoridade legítima
para convocar e organizar e promover esse processo eleitoral”. Ao
referir-se à segunda orientação, assinalou que deverá procura-se que a
ação em favor desta solução “se faça conjugadamente através de um lado
mais punitivo, com sanções dirigidas a indivíduos e não ao conjunto da
população e ao conjunto da economia venezuelana, para além do embargo de
vendas de armas e de instrumentos repressivos”. No
entanto, defendeu que esse “lado punitivo” de ser “conjugado com um
lado pró-ativo no qual a UE constituiu um grupo de contacto
internacional com um grupo de países latino-americanos cuja missão é
apoiar o processo político conducente a eleições. E por outro lado
apoiar os esforços de natureza humanitária, falando com todas as partes
relevantes no processo político venezuelano”. O
chefe da diplomacia ressalvou que Portugal tem participado, na
qualidade de observador, nas reuniões do Grupo de Lima, um contacto que
considerou importante no âmbito do “apoio internacional claro” aos
esforços de transição pacífica na Venezuela. “Temos
sido muito prudentes em gerir esta questão delicada do relacionamento
diplomático com um Estado que hoje tem um presidente reconhecido por
parte da comunidade internacional e outro presidente reconhecido por
outra parte e que tem a autoridade de facto”, recordou. “Mas
no apoio aos portugueses e luso-venezuelanos regressados da Venezuela,
todas as informações de que disponho indicam que o processo de
integração tem sido exemplar”, assegurou ainda.