Autor: Lusa/AO Online
"O que Josep Borrell disse, mesmo neste contexto agressivo e sem precedentes, muda significativamente as regras do jogo", afirmou o chefe da diplomacia russa, numa entrevista ao canal Rossiya 24.
Lavrov referia-se a uma mensagem que o Alto Representante da UE para a Política Externa escreveu no Twitter, e na qual disse que "esta guerra será ganha no campo de batalha".
Questionado sobre essa mensagem, Josep Borrell insistiu que, "normalmente, as guerras são ganhas ou perdidas no campo de batalha".
O ministro russo considera que se trata de "uma reviravolta muito séria, mesmo para a política que a UE e, em geral, o Ocidente, sob a direção dos Estados Unidos, começaram sem dúvida a implementar após o início da operação militar especial" na Ucrânia.
"Esta é uma política que reflete amargura e, em certa medida, raiva, e que não tem a ver apenas com a Ucrânia, mas com o facto de terem tentado transformar aquele país numa base para o esmagamento definitivo da Rússia", argumentou Lavrov.
Segundo o diplomata russo, o conflito na Ucrânia foi planeado "para a contenção definitiva da Rússia e a sua subordinação ao sistema global criado pelo Ocidente apesar do fim da Guerra Fria".
Lavrov sustentou que, quando um diplomata sénior, um líder de um país ou organização diz algo como o que Borrell disse, isto significa "ou que ele guarda um rancor pessoal ou que fala demais e diz algo que ninguém lhe pediu para dizer".
Na mesma entrevista, o ministro garantiu que Moscovo não vê razões para parar as conversações com Kiev, mas acusou o lado ucraniano de “mudar de posição a toda a hora”.
“Somos pessoas pacientes e insistentes", afirmou o chefe da diplomacia russa.
Lavrov
observou ainda que, apesar do fim da URSS e do Pacto de Varsóvia, até
agora "a UE nunca se projetou como uma organização militar" e descreveu
como uma "mudança qualitativa" a decisão da Alemanha de "alocar pela
primeira vez na história 100 mil milhões de euros" para "fortalecer a
sua área militar".