MNE admite adaptações face à eleição de Trump, mas nega pessimismo
EUA/Eleições
8 de nov. de 2024, 12:09
— Lusa/AO Online
"Para
Portugal, os EUA são um parceiro estratégico fundamental. São um
parceiro no âmbito da segurança, da defesa, hoje com relações económicas
e culturais ao nível, por exemplo, da investigação e da ciência,
fundamentais e com grandes benefícios para ambos os países. E por isso
nós trabalhamos com qualquer administração americana. Sempre que há uma
mudança de administração americana, e neste caso, até há uma mudança de
partido (...), evidentemente, tem que haver ajustamentos, tem que haver
adaptações", defendeu Paulo Rangel. Em
declarações aos jornalistas em Nova Iorque, onde apresentou formalmente
a campanha de Portugal para uma vaga de membro não permanente do
Conselho de Segurança das Nações Unidas, o ministro indicou que Portugal
já está a preparar a agenda da relação com o governo de Donald Trump,
admitindo a necessidade de se "fazer o trabalho de casa"."Nós
trabalhamos com todas as administrações e já estamos a fazê-lo. (...)
Fiz múltiplos contactos ao longo do dia com vários responsáveis
americanos e com muitos representantes de vários países. (…) Portugal já
está a preparar aquilo que será a agenda da próxima relação com a
administração americana. Sinceramente, sobre esse ponto de vista, eu não
estou verdadeiramente preocupado. Penso que nós temos que fazer o
trabalho de casa e haverá com certeza ajustamentos", advogou.Questionado
sobre o impacto que um corte no apoio norte-americano à Ucrânia teria
na Europa, Paulo Rangel considerou prematuro abordar os planos do novo
executivo republicano, quer para esse conflito, quer para outros ao
redor do mundo.Contudo, recordou as
pressões que vêm sendo feitas por "várias administrações americanas"
para um maior investimento em matéria militar e para que haja uma
distribuição equitativa dos custos de defesa na Organização do Tratado
do Atlântico Norte (NATO).Ao longo do
último ano, Donald Trump declarou que não pretende manter o apoio à
Ucrânia e, há alguns meses, afirmou que encorajaria a Rússia a "fazer o
que raio quisesse" com os países da NATO que não cumprissem as
diretrizes de gastos com defesa. "Sabemos
que essa pressão, que já era grande e que não era apenas da
administração Trump - a administração de Joe Biden foi a que levou isso
mais longe em tempos práticos, foi a conseguiu mais resultados - vai
aumentar", disse Rangel."No caso
português, as nossas relações são excelentes e nós vamos investir
duplamente: vamos investir na relação bilateral e vamos investir
naturalmente na relação que é feita em termos multilaterais, seja
através da NATO, com defesa e segurança, seja através da União
Europeia", reforçou o ministro.Para Paulo
Rangel, uma mudança de política da administração norte-americana poderá
dar à União Europeia "o incentivo a que alguns passos" sejam dados. "Portanto,
sinceramente, eu não tenho uma visão, digamos....eu não estou
pessimista", garantiu o líder da diplomacia portuguesa. Em
relação à agenda económica de Donald Trump, que defende a aplicação de
tarifas e um maior protecionismo económico, Paulo Rangel recordou ainda
que durante a administração de Joe Biden "a Lei da Redução da Inflação
obrigou a negociações muito difíceis entre a União Europeia e os EUA,
com impactos económicos importantes na Europa". "Portanto, haverá com certeza mudanças de alcance geopolítico e geoeconómico", sublinhou.