MNE acredita no aproximar de posições sobre levantamento de patentes
Covid-19
7 de mai. de 2021, 17:53
— Lusa/AO Online
"O que é típico
do processo europeu é que nós começamos num primeiro momento por
consolidar e exprimir as nossas posições nacionais. Muitas vezes essas
posições são diferenciadas, muitas vezes até são opostas - não é este o
caso -, mas depois vamos convergindo através de aproximações sucessivas
até encontrar um entendimento que é partilhado por todos e, assim, tenha
a força da unidade europeia", disse Augusto Santos Silva.Em
declarações à margem dos trabalhos da Cimeira Social que decorre no
Porto, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o aumento da
produção do composto contra o SARS CoV-2 é o principal objetivo que deve
ser partilhado por todos, não se referindo a países ou a governos, em
concreto. "A nossa preocupação essencial,
na União Europeia, tem sido a de aumentar a capacidade produtiva de
vacinas porque aí está a principal dificuldade e, também, beneficiar da
companhia de outros países produtores de vacinas, já que hoje em dia,
das quinhentos milhões de doses que já foram produzidas na UE, só 300
milhões é que se destinaram ao mercado interno. Duzentos milhões foram
exportadas e é muito importante que este esforço de exportação que a UE
tem assumido seja partilhado por outros", afirmou Santos Silva.Questionado
pelos jornalistas, o chefe da diplomacia portuguesa disse que os
assuntos relacionados com as patentes vão ser abordados durante o jantar
dos líderes europeus, hoje à noite no Porto. "O
jantar é um encontro informal de líderes europeus, não tem agenda, o
que é uma enorme vantagem. É muito vantajoso fazer-se estas cimeiras
informais. Já não se fazia há dois anos com a presença da quase
totalidade dos líderes europeus porque isso permite ao presidente do
Conselho Europeu pôr em cima da mesa os temas que considera mais
importantes e mais urgentes e eu ficaria muito surpreendido se esse tema
não fosse objeto de troca de impressões entre os líderes europeus",
disse. Santos Silva acrescentou,
referindo-se ao levantamento das patentes das vacinas, que "dos
jantares" não saem decisões, mas muitas vezes saem orientações que
depois os diplomatas "materializam".Na
quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que
apoiava a suspensão das patentes das vacinas contra a covid-19, uma
proposta que tinha sido inicialmente avançada pela Índia e pela África
do Sul na Organização Mundial do Comércio (OMC).Ainda
que políticos europeus como a presidente da Comissão Europeia, Ursula
von der Leyen, ou o Presidente francês, Emmanuel Macron, se tenham
mostrado disponíveis para debater a proposta, o governo alemão já se
opôs à ideia, assinalando que “o fator limitativo na fabricação de
vacinas é a capacidade de produção e os elevados padrões de qualidade,
não as patentes”.Com o objetivo de
harmonizar as posições, o presidente do Conselho Europeu, Charles
Michel, anunciou na quinta-feira que o tema será debatido pelos chefes
de Estado e de Governo da UE durante a cimeira informal do Conselho
Europeu no sábado, no Porto.Paralelamente,
o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que aguarda, sábado, uma
declaração "poderosa" sobre a "dimensão social" da União Europeia. "Desta
cimeira informal saíra a Declaração do Porto, como verão amanhã
(sábado), é uma declaração muito poderosa e muito clara nas orientações
que dá ao conselho. Os líderes europeus vão-nos dizer a nós, seus
ministros, o que temos de fazer para reforçar a dimensão social da União
Europeia e os compromissos que todos devemos assumir para que esse
reforço seja possível", concluiu Augusto Santos Silva.